Madeira

O sermão da Saúde

Este é o 'Boa noite' desta quarta-feira, 7 de Outubro de 2020

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Boa noite!

As Autoridades de Saúde da Madeira passaram o dia a pregar moral e bons costumes aos jornalistas. Isto porque um médico infectado com covid-19, não se sabe onde e quando, foi notícia, em diversos momentos actualizada, à medida que iam sendo conhecidos mais elementos informativos, numa primeira fase deliberadamente ocultados e depois divulgados a contra gosto.

O sermão inclui  exortações ao “maior rigor, transparência, assertividade e diálogo”, à importância da “validação de todas as situações reportadas junto de fontes oficiais e institucionais”. Mais, repudia “a desinformação e a ausência de fontes credíveis que são geradoras de insegurança junto da população” e apela  “ao bom cumprimento das regras deontológicas que regem a atividade de todos os profissionais”.

E para que conste define como principal missão do jornalista “comunicar a verdade dos factos”, considerando que todos os seus profissionais devem assumir-se como “parceiros”!

Bem prega a Saúde, feita de entidades que frequentemente desrespeitam regras básicas decorrentes do exercício do contraditório, quando mandam para todos as respostas às questões colocadas por alguns, de modo a esvaziar assuntos; que omitem informação relevante que deviam disponibilizar, de são exemplos os dados de desempenho por actualizar há mais de um ano, e os números das  listas de espera; que acenam com a deontologia, da qual fazem tábua rasa pois perante notícias alusivas à falta de ética dos seus pares quase sempre preferem perseguir o mensageiro.

Às Autoridades de Saúde da Região - em especial, às que têm responsabilidades na administração da coisa pública e que se armam agora em reguladores dos media sem que tenham competência para tal - o que se pede é transparência, celeridade e lealdade no seu relacionamento com os órgãos de comunicação social, sabendo de antemão que os estatutos e os princípios que os regem são inequívocos e escrutináveis.

Se têm razões de queixa sobre o desempenho da profissão de jornalista devem agir em conformidade em local próprio, mas deixem-se de generalidades abusivas sobre um trabalho que não dominam e nem sempre deixam concretizar da melhor forma. Por isso, sugerimos que o tempo utilizado para tentar denegrir os órgãos de comunicação social e os seus profissionais seja redireccionado para as respostas atempadas aos pedidos de informação pelos mesmos solicitados. Isso, sim, contribuirá para uma informação ainda mais precisa por parte da comunicação social madeirense.

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