França prolonga controlos fronteiriços até Abril 2021 devido à "ameaça terrorista"
A França prolongou até 30 de Abril de 2021 os controlos fronteiriços no país, devido à "ameaça terrorista" que "permanece muito elevada", segundo uma carta do Governo francês recebida pelas autoridades da União Europeia que foi hoje conhecida.
Numa carta datada de 2 de Outubro e endereçada ao Conselho da União Europeia (UE), cuja presidência rotativa é liderada atualmente pela Alemanha, as autoridades francesas informaram que o início em Paris, em setembro, do julgamento dos cúmplices do ataque 'jihadista' de 2015 à redação do jornal satírico Charlie Hebdo e a republicação pelo jornal das caricaturas de Maomé "exigem uma vigilância acrescida".
"O ressentimento internacional suscitado pela republicação das caricaturas [por ocasião do arranque do julgamento], a continuação do julgamento dos atentados de janeiro de 2015, a próxima efeméride dos cinco anos dos atentados de 13 de novembro de 2015 e a realização de vários outros processos terroristas com grande impacto nos 'media' nos próximos meses contribuem para alimentar uma ameaça terrorista suscetível de atingir a França", argumentaram as autoridades francesas na carta, citada pela agência France Presse (AFP).
E acrescentaram que "a mobilização das forças de segurança na luta contra a propagação da pandemia da doença covid-19 é propícia para alimentar novos planos de ataque".
A par de outros aspetos, Paris também indicou que "o risco do regresso de combatentes estrangeiros" da Síria "continua significativo".
As autoridades francesas apontaram igualmente para "o recomeço dos movimentos secundários de migrantes verificados nos últimos meses".
A França restabeleceu os controlos fronteiriços na noite dos ataques terroristas de 13 de Novembro de 2015, que mataram 130 pessoas em Paris, incluindo na sala de espetáculos Bataclan, e que foram então classificados como os piores ataques em solo francês desde a II Guerra Mundial.
Os controlos fronteiriços foram sistematicamente renovados desde então, a cada seis meses, ao abrigo de uma ameaça terrorista "muito significativa".
Não se tratam de controlos sistemáticos, mas sim da possibilidade de efetuar controlos de identidade nas fronteiras, numa derrogação das regras de livre circulação do Espaço Schengen.