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A política na era do twitter

Na próxima vez em que voltar a escrever nestas páginas, a América já terá escolhido o seu próximo presidente. Até lá, o combate político vai conhecer seguramente mais dramatização e um extremar de posições entre democratas e republicanos, uma grande parte das vezes nas redes sociais.

Sou intenso utilizador de várias redes sociais, às quais reconheço uma quase infinita quantidade de vantagens, que mudaram e continuam a mudar positivamente as nossas vidas. Coisa distinta é o impacto que a comunicação na era global – instantânea, atualizada ao minuto, na maioria das vezes superficial – teve no discurso político e na qualidade da intervenção política.

O Mundo não cessa de mudar e a política também não.

A comunicação global é caracterizada por ser célere, sintetizada, construída para o “soundbyte”. Estas características encaixam como uma luva nos discursos mais radicais e simplistas que procuram o verbo fácil para o sucesso político.

Em várias regiões do Mundo o espaço que o populismo e o extremismo das posições políticas têm vindo a ocupar é crescente e não falo apenas de países sem relevo geoestratégico, antes pelo contrário.

Fruto de diferentes consequências e evoluções culturais e políticas - e só para dar dois exemplos - países como os EUA, ou o Brasil têm hoje uma comunicação política muito radicalizada e extremada entre os opositores políticos. Deixo de fora casos como a China ou a Coreia do Norte, dado que o comunismo de partido único no primeiro caso e uma governação inqualificável no segundo, estão muito para lá – no que isso tem de negativo – de onde este tema nos leva.

No caso português a perda de influência de partidos clássicos, em especial do PCP, do CDS e do PSD, deram azo a uma fragmentação dos votos. A Assembleia da República tem hoje mais partidos representados do que nunca. Partidos de “um homem só” como o Chega, vão perigosamente ganhando espaço no discurso populista, que tem nas redes sociais terreno fértil para se expandir.

Se por um lado este mudar de circunstâncias se deve à forma opaca como os partidos tradicionais têm operado nos últimos anos (em que a fidelidade canina ao partido é passaporte para cargos públicos), também é certo que a mutação da comunicação tem propiciado os extremismos e as soluções mais radicais, que vão encontrar forças na desilusão dos eleitores.

A palavra e o tempo para a exprimir são mais curtos, mais apressados e mais voláteis. Esta falsa impressão de que termos mais e mais informação nos torna mais conhecedores do que quer que seja, nos moldes em que ela se tem expressado, é uma falácia. Um argumento que em televisão, ou mais ainda nas redes sociais, demore mais do que dois minutos a ser apresentado não tem qualquer possibilidade de ter sucesso nos dias de hoje. Numa palavra não existe, numa sociedade em que existir é ser lembrado.

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