Dia de Todos os Santos
Que o dia de Todos os Santos e de celebração de todos os que já partiram, sirva de reflexão. Que se lembrem dos que já partiram
Fez ontem oito anos que saía do Hospital dos Marmeleiros recuperada de uma pneumonia, ao fim de quase uma semana de internamento. O meu filho tinha apenas um ano e o sofrimento da ausência e de não o poder ver parecia ser mais forte que a dor no peito provocada pela doença. No início, quando soube que tinha a doença, pensei seriamente que podia morrer e desesperei. Todos os anos são milhares as pessoas que morrem de pneumonia, crianças, jovens e idosos. Sabia que se não reagisse à medicação seria mais um número para a estatística da mortalidade em Portugal.
Parece que os negacionistas se socorrem de “estatísticas” para dizerem que o Coronavírus não é tão grave assim, porque a taxa de mortalidade é mais baixa que algumas doenças como a pneumonia e até a gripe. Ainda que estas estatísticas fossem inequivocamente bem analisadas, para a sua família e amigos, quem morre ou sofre sequelas da Covid não são mais um número. São os entes queridos que vão deixar este mundo e que farão falta a todos os que amam ou que cá ficam e sofrem. Não, não são números, são pessoas.
Mas o que todos têm de perceber é que a COVID 19 não é como a gripe, pneumonia ou outras doenças, porque o grau e rapidez de contágio é consideravelmente maior, deixando todos vulneráveis a complicações e internamentos em massa, para a qual nenhum sistema de saúde no mundo está preparado. Alguém se lembra de termos internamentos dedicados a uma doença e Unidades de Cuidados Intensivos perto da rotura? Também, é um vírus desconhecido e sobre o qual não sabemos ainda qual o impacto que terá a curto, médio e longo prazo, sobre quem padece da doença, seja de forma ligeira ou grave.
Muitos dos infetados não terão sintomas, ou se os tiverem serão apenas ligeiros, mas se a sua atitude não for responsável e cívica poderão ser os causadores das mortes ou mazelas para a vida de tantos outros.
Infelizmente as notícias dos dois últimos dias não são animadoras para a Madeira e poderemos estar no início da efetiva primeira vaga na nossa Região. No meio do infortúnio temos sorte porque aprendemos muito com todos os outros países e regiões. Sabemos que a responsabilidade individual de cada cidadão, adotando as normas adequadas de prevenção, farão toda a diferença para travar este vírus.
Mais do que nunca seremos postos à prova e se tudo complicar, de uma coisa tenho a certeza, a culpa será nossa, dos cidadãos. Neste caso, não será porventura do governo, dos políticos, ou de qualquer outra instituição. A culpa será nossa. Todos estamos informados, todos sabemos o que se passa no mundo, todos sabemos o que temos de fazer e somos nós que podemos fazer a diferença.
Desinfetem e lavem as mãos com regularidade. Os profissionais dos estabelecimentos adotem as mediadas corretas de limpeza. O distanciamento social (cerca de 2m) não é só aplicado quando estamos ao pé de alguém parados, mas também quando nos cruzamos com os outros na rua, nas esplanadas, nos estabelecimentos. É por este motivo que o uso da máscara é tão importante em todos os contextos. Usem a máscara sempre que saírem de casa. Também, em ambiente escolar é imperioso que sejam seguidos todos os protocolos diariamente. Infelizmente ainda existem maus exemplos, por isso é obrigatório que todos os professores e auxiliares nas escolas e creches usem a máscara corretamente sempre. Sejam um exemplo de boas práticas para os alunos. Estejam atentos e não hesitem em corrigir alunos e colegas de profissão, sempre que a utilização da máscara não seja a correta. Ainda, a lotação dos transportes públicos e escolares com normas rígidas que permitam o distanciamento é imperioso nesta fase.
Que o dia de Todos os Santos e de celebração de todos os que já partiram, sirva de reflexão. Que se lembrem dos que já partiram. Que reconheçam, com certeza, que não querem ver outros entes queridos a partir repentinamente por causa desta doença. Que estes tempos difíceis sirvam para que os Madeirenses e Porto Santenses, mais do que nunca, se unam e façam o que está certo para evitar a propagação deste vírus. Não há lei que obrigue ninguém, porque as leis são sempre quebradas, mas a adoção destas medidas tem de ser imperativo no comportamento de cada um. Com o nosso comportamento responsável, todos podemos ser heróis e salvar vidas.