Brasil nega ter recebido pedido de registo da vacina russa Sputnik V
O Brasil afirmou hoje que "até agora" não recebeu qualquer pedido de registo da vacina russa contra o novo coronavírus, denominada Sputnik V, como asseguram as autoridades da Rússia.
"A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recebeu, até ao momento, nenhum pedido de registo referente à vacina Sputnik V", afirmou em comunicado o órgão regulador, vinculado ao Ministério da Saúde do Brasil.
Além disso, aquela que é a máxima autoridade sanitária do país sul-americano frisou na nota que não possui em seu poder nenhum pedido "formal" para autorização de ensaios clínicos da fórmula russa no Brasil.
Dois estados brasileiros, Paraná (sul) e Bahia (nordeste), firmaram acordos para experimentar a Sputnik V entre os seus habitantes, mas para isso precisam do aval da Anvisa, algo que ainda não aconteceu.
A entidade esclareceu que recebeu na quinta-feira um "'e-mail' do laboratório União Química, comunicando apenas a apresentação de documentos prévios".
"Os documentos foram enviados com um pedido para que a Anvisa realizasse uma análise preliminar, antes da apresentação formal do pedido de investigação", salientou o órgão regulador.
"As informações enviadas não são um pedido formal de autorização" para iniciar da terceira fase dos testes da vacina e, de qualquer forma, "não são suficientes" para receber a aprovação da Anvisa, acrescentou.
Na prática, a investigação "não está autorizada" e essa solicitação ainda não foi feita pelo laboratório, segundo as autoridades sanitárias brasileiras.
A entidade revelou ainda que no 'e-mail', a União Química "manifestou o seu interesse em realizar reunião de caráter técnico" com a agência "antes de pedir formalmente autorização para a investigação clínica da Sputnik V".
Desta forma, o Brasil contradiz uma declaração do Fundo de Investimento Direto Russo (FIDR), que afirmou ter apresentado na quinta-feira todos os documentos necessários para solicitar o registo do referido imunizante contra a covid-19.
Com base em adenovírus humanos, a vacina, desenvolvida pelo Centro de Investigações Epidemiológica e Microbiologia Gamaleya, encontra-se na terceira fase dos ensaios clínicos, nos quais participam mais de 40.000 voluntários da Rússia e de outros países.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (cerca de 5,5 milhões de casos e 158.969 óbitos), depois dos Estados Unidos da América (EUA).
Devido à alta incidência do vírus e às dimensões continentais do país, o Brasil tornou-se no território ideal para as empresas farmacêuticas que procuram em contra relógio uma vacina contra a doença.
No país sul-americano, já estão a ser testadas as vacinas desenvolvidas pela Johnson & Johnson, o consórcio formado pela BioNTech (Alemanha) e Wyeth/Pfizer (EUA), além das fabricadas pela chinesa Sinovac e pela britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 45,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.