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Tribunal de Luanda liberta mais um jornalista

Continua a ouvir manifestantes detidos

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Os manifestantes detidos em Luanda no sábado passado continuavam hoje à noite a ser ouvidos no Tribunal Provincial, tendo sido libertado mais um jornalista que se encontrava no grupo, disse à Lusa fonte da defesa.

Segundo Zola Bambi, foram hoje ouvidos 34 réus, tendo sido pedido um intérprete de língua gestual para um detido surdo-mudo, e "falta ouvir mais sete".

O tribunal deu também deferimento a um requerimento da defesa que pediu a libertação de um jornalista da Rádio Despertar, ligada à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que se encontrava entre os detidos.

"Só falta assinar e ir embora", afirmou o advogado que descreveu a situação como "uma aberração" e uma "atitude discriminatória", face a outros jornalistas detidos nas mesmas circunstâncias e entretanto libertados.

O jornalista, de 54 anos, tinha o passe de serviço e estava a cobrir a manifestação.

"Não cometeu nenhum ilícito", sublinhou Zola Bambi.

Na quinta-feira, o advogado tinha admitido que o julgamento prosseguisse hoje num novo local, com mais condições, mas o seu desejo não se concretizou.

"Esperamos ter uma nova sala para as alegações finais e leitura da sentença", afirmou.

O palácio D. Ana Joaquina, onde na segunda-feira começou o julgamento dos 103 manifestantes detidos no sábado, foi palco de protestos durante três dias com centenas de apoiantes exigindo a libertação dos seus companheiros em frente ao tribunal.

Após confrontos, desacatos e alguns atos de vandalismo, a polícia angolana proibiu, na quarta-feira, a presença de manifestantes nas proximidades.

Os organizadores da marcha de sábado passado convocaram nova manifestação para 11 de novembro, data em que se celebram os 45 anos da Independência de Angola.

O Presidente João Lourenço falou, na quinta-feira, pela primeira vez, sobre os acontecimentos, enquanto líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), negando a violação de direitos em Angola e dizendo que o direito à manifestação está apenas "condicionado" temporariamente por causa da pandemia de covid-19.

O chefe de Estado atacou também a UNITA, principal força da oposição, que também aderiu à marcha convocada por movimentos cívicos, considerando que o partido devia assumir "todas as consequências dos seus atos de irresponsabilidade" no possível aumento de casos de covid-19, devido ao envolvimento direto nos protestos.

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, respondeu hoje às críticas, afirmando que João Lourenço "tem medo do povo, que vai demonstrando saber ler e posicionar-se em defesa do seu interesse".

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