Crescem receios de descontrolo da pandemia na Madeira
Há, na Região, dois casos de origem desconhecida
Os avisos têm sido sérios. Primeiro foi Pedro Ramos a falar em bomba-relógio, a propósito das deslocações dos desportistas não profissionais, depois Herberto Jesus, a considerar “catastrófico” haver um surto numa região como a Madeira, e, ontem, Miguel Albuquerque a anunciar novas medidas de combate à pandemia na Região.
Em conferência de imprensa, para anunciar as medidas adoptadas pelo Conselho de Governo realizado ontem, o presidente do Governo admitiu publicamente a existência de dois casos de Covid-19 positivos de origem desconhecida e, por isso, em investigação epidemiológica.
O DIÁRIO sabe que um deles diz respeito a uma idosa, mais de 90 anos, moradora no Funchal, que estava acamada. A doente, que vive com um filho, foi quatro vezes às urgências do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no espaço de uma semana. Na quarta vez foi testada para a Covid e o resultado foi positivo.
O problema é que a idosa não saía de casa, o filho afirmava só sair por razões inadiáveis, e, à habitação, só iam assistentes domiciliárias e profissionais do centro de saúde da área de residência.
Sabe-se, agora, que o filho não terá sido rigoroso no que afirmou aos técnicos de saúde. Será seu habito deslocar-se e permanecer numa unidade comercial muito frequentada por turistas em passagem. Independentemente disso, o mesmo foi testado e também está positivo.
Igualmente positivas para Covid estarão três assistentes domiciliárias e alguns familiares, incluindo crianças em idade escolar.
Este caso originou a testagem massiva de profissionais de saúde, do centro da área da residência e do Hospital, em particular das Urgências, mas, até ao presente, todos deram negativo. No entanto, existem alguns que ainda aguardam o contacto para a testagem.
O outro caso é de uma médica que só descobriu estar Covid positiva quando, após a um acidente, foi assistida numa unidade de saúde privada e teve de realizar uma intervenção cirúrgica. Por cumprimento de protocolo, foi testada à Covid e deu positiva. O mesmo viria a acontecer ao marido, também ele médico.
Os dois desconhecem qualquer contacto com casos positivos de Covid, apesar de, inquestionavelmente, ter acontecido.
São duas situações que reforçam a evidência de que, mesmo na Madeira, onde a situação epidemiológica é menos grave do que, por exemplo, no território continental português, é necessário redobrar as medidas de prevenção de transmissão do vírus, com destaque para o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização frequente das mãos. Importa igualmente, seguir com rigor as indicações das autoridades de saúde.