Estado de saúde de Trump preocupa e a Casa Branca minimiza a situação
"O Presidente está a ir muito bem", disse o médico Sean Conley
O internamento do Presidente Donald Trump está a causar grande preocupação nos Estados Unidos e coloca sérias limitações na campanha eleitoral, com vários líderes republicanos contagiados com o novo coronavírus a um mês de eleições presidenciais.
"O Presidente está a ir muito bem", disse o médico da Casa Branca, Sean Conley, na conferência de imprensa, hoje, em frente ao Hospital militar Walter Reed, em Bethesda, nos arredores de Washington.
Segundo o clínico, "a tosse e o cansaço do Presidente estão a melhorar, bem como a dificuldade em respirar".
Na madrugada de sexta-feira, Donald Trump, de 74 anos, escreveu na sua página pessoal da rede social Twitter que, tal como a primeira-dama, Melania, tinha testado positivo à doença covid-19 e que iria ficar em quarentena, num anúncio que deixou o país em alerta e que multiplicou reações em todo o mundo.
Horas depois, Donald Trump foi internado por medida de precaução no Hospital Militar Walter Reed.
Na conferência de imprensa de hoje, Sean Conley, especialista em pneumologia, disse que os sete a dez dias após o início da doença são críticos e a condição do Presidente na altura crítica dará uma noção mais clara do curso da doença.
Trump vai continuar internado no hospital e está a seguir um tratamento intensivo, incluindo Regeneron, um medicamento experimental.
A conferência de imprensa foi reveladora não tanto pelo que foi dito, mas pelo que o médico da Presidência não quis dizer. Perguntas sobre se o presidente recebeu oxigénio, bem como questões específicas sobre o seu estado de saúde tiveram resposta evasiva, ou recusa em responder.
A pergunta mais importante sem resposta foi sobre quando o Presidente foi testado negativamente pela última vez. Este dado é fundamental para saber exatamente quando e como o Presidente foi infetado.
O que se sabe é quando o Presidente começou a apresentar sintomas de covid-19 e foi testado positivamente. Como tal há um período intermédio em que o Presidente esteve envolvido em atividades de contacto direto, que o médico não quis revelar.
Trump teve um teste positivo de coronavírus na noite de quinta-feira, 01 de outubro e foi admitido no Hospital Militar Walter Reed na sexta-feira à tarde com o agravar de sintomas.
A Casa Branca dispõe de instalações médicas para o Presidente e o internamento significa que a situação é mais grave do que a equipa médica de Donald Trump está a transmitir.
A primeira-dama, Melania Trump, que foi contagiada ao mesmo tempo que o marido, apresenta um quadro clínico controlado e não foi hospitalizada.
Uma situação que também confirma a gravidade do estado de saúde do Presidente. Questionado sobre o motivo da decisão de transferir Trump para o Hospital Walter Reed, Sean Conley, que é também médico da Marinha americana, respondeu: "Porque ele é o Presidente dos Estados Unidos".
De acordo com a estação de televisão CNN, o jornal New York Times e a estação pública de rádio NPR, a Casa Branca está a desenvolver uma campanha de relações públicas para suavizar a situação.
Na sexta-feira à noite, Sean Conley divulgou uma carta dizendo que Trump estava "muito bem", tendo sido iniciado um tratamento com Remdesivir.
Na realidade, este é um medicamento experimental que ainda não recebeu a aprovação da Food and Drug Administration, a entidade que regula novos medicamentos nos Estados Unidos.
Donald Trump, pela idade, peso excessivo, recente debilidade cardíaca e constante pressão de trabalho e de campanha eleitoral, está num grupo de risco elevado. Desde o início da pandemia, o Presidente minimizou as consequências do novo coronavírus e ridicularizou a importância do uso de máscaras.
Durante um comício de campanha em Ohio no mês passado, Trump disse à multidão que o coronavírus afeta "virtualmente ninguém".
Há uma semana, mais de 100 convidados reuniram-se no "Rose Garden" da Casa Branca para o anúncio da juíza Amy C. Barrett, proposta pelo Presidente para o Supremo Tribunal.
Sete dias depois, oito pessoas que participaram na cerimónia testaram positivo para a covid-19.
No recente debate eleitoral com Joe Biden, Trump ridicularizou o uso de máscaras. Embora fosse obrigatório usar máscaras para os assistentes no recinto, a família do Presidente recusou o seu uso.
Vários elementos da liderança republicana, funcionários de campanha e assessores da Casa Branca testaram também positivo o que coloca grandes limitações na campanha presidencial, quando falta apenas um mês para o dia da eleição.
O segundo debate eleitoral marcado para 15 de outubro em Miami, na Florida, não deverá realizar-se.
Com o Presidente hospitalizado, as atenções viram-se para Mike Pence.
O vice-Presidente tem feito testes regulares sempre negativos e mantém a sua agenda inalterada, substituindo mesmo o Presidente Trump em eventos digitais da campanha eleitoral.
O médico do Vice-Presidente, Jesse Schonau, divulgou um comunicado afirmando que Pence não precisa de quarentena e pode "continuar as suas atividades normais" porque "não é considerado um contacto próximo com qualquer indivíduo que tenha testado positivo para a covid-19, incluindo o Presidente Donald J. Trump".
Mike Pence assumirá a Presidência caso o estado de saúde de Donald Trump seja crítico, ou no caso duma fatalidade presidencial.
Pence participa no debate da vice-Presidência com a candidata democrata Kamala Harris, na próxima quarta-feira, 07 de outubro.