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Tempo de coragem

Precisamos de trazer nova vida à política, com princípios e sem privilégios

Vivemos numa época em que a política nunca foi tão necessária, e tem mesmo de ser reanimada com soluções nunca testadas, saindo das tricas habituais. A política não pode ser feita só de conflitos, de antagonismos, e de um atirar culpas de um lado para outro. Para quem caiu na agonia do desemprego ou para quem foi forçado a fechar as portas da empresa que levou uma vida construir, para estas pessoas, a política tem de ser mais do que um bate-bocas. A realidade que vivemos implica que sejam dadas respostas competentes. E ter a coragem para fazer diferente.

A começar pela qualificação do debate na Assembleia Regional, esforço no qual o grupo parlamentar do PS se tem empenhado, de modo a evitar a degradação das discussões ou o chumbo sistemático de propostas. De nada serve ao caminho da recuperação que temos de encetar, os apartes recheados de ofensas pessoais, em que a gritaria funciona como promoção na hierarquia partidária mas nada resolve, ou o enquadramento para a televisão torna-se mais importante que o conteúdo. Mais do que nunca os debates com bons argumentos políticos e propostas exequíveis são necessários.

Além das respostas de curto prazo, temos de construir outro futuro, com uma economia mais resiliente, com maior proteção para os trabalhadores, com empregos mais estáveis. Quando ultrapassarmos esta crise, temos de estar melhores do que estávamos antes. Ao mesmo tempo que surgem possibilidades de um novo tempo, até porque vamos receber dinheiro como nunca, há tentativas de regresso a um passado de má memória que não podemos consentir. É necessária coragem e não a vejo por parte do Presidente do Governo Regional. A renovação rapidamente foi esquecida em nome dos interesses e dos clientelismos de sempre. E a coragem de que falo é imprescindível para cortarem-se nos gastos, e com essas poupanças apoiar-se quem mais precisa e salvar empregos.

Sabendo-se que as parcerias público privadas rodoviárias são um negócio ruinoso para Região, que no fim levará 2678 milhões de euros do orçamento regional, porque não se inicia uma negociação entre o Governo Regional, a Vialitoral e a Viaexpresso, de modo a que haja uma redução das verbas que são pagas anualmente a estas concessionárias e essa poupança possa ser alocada para a retoma da economia? Eu digo porquê, porque são privilégios privados do PSD. E que dizer do número recorde de nomeações deste Governo Regional, que mesmo durante a quarentena não confinou a “contratação” de boys e girls dos aparelhos partidários do PSD e do CDS, no impressionante número de 468 e que custam 21 milhões de euros por ano? Haja decência e coragem para acabar com esta falta de vergonha.

A história está num ponto de viragem e cabe-nos a nós tomar partido do lado em que queremos estar, se queremos que tudo continue como está, ou se queremos dar um salto qualitativo. Acredito que a maioria quer que as coisas mudem. Para tal devemos utilizar todos os instrumentos da nossa Autonomia para ultrapassar a crise pandémica e assim mudarmos o nosso destino. Esta crise das nossas vidas é também a oportunidade para a transformação económica e social da Região. Para isso o PS Madeira propõe uma Agenda para o Emprego e Crescimento da Região Autónoma da Madeira.

As empresas atravessam um período especialmente difícil e têm de ser encontradas soluções imediatas que permitam garantir a sustentabilidade das mesmas, a manutenção dos postos de trabalho e a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores. Uma das propostas inserida nessa agenda, é um programa de apoio às empresas, num apoio directo e a fundo perdido à comparticipação de diversos gastos, nomeadamente, custos com salários, contribuições para a segurança social, custos com consumo de energia elétrica, consumos de água, vigilância e segurança, rendas e alugueres, seguros e comunicações. As medidas existentes, apresentadas pelo Governo Regional, não têm sido suficientes ou adequadas, pelo facto de excluírem este tipo de gastos como despesas elegíveis em sistemas de incentivos que outrora os comparticipavam. Entendemos, assim, esta medida como fundamental, porque permitirá às empresas fazer face às atuais dificuldades de tesouraria e liquidez, decorrentes da brutal quebra de atividade.

Precisamos de trazer nova vida à política, com princípios e sem privilégios, e de concretizar uma outra alternativa de desenvolvimento. Só o PS Madeira o pode garantir. Temos a coragem para o fazer, estamos comprometidos e preparados.

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