Madeira

Presidente da ALM recomenda leitura da 'Fratelli Tutti'

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O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira considera que a “Encíclica deveria ser de leitura obrigatória por todos os homens e, em particular, pelos responsáveis e líderes políticos, governamentais, empresariais, líderes de opinião, e por quem tem poder de decisão em todas as instâncias das nossas sociedades”.

Na apresentação da Encíclica “Fratelli Tutti”, ontem, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues partilhou com o público que quando terminou de ler o documento ficou com “a sensação de ter levado um murro no estômago e a de ter ganho um peso na consciência. Um soco contra a altivez, a sobranceria, a superioridade, a arrogância que algumas vezes dominam os decisores da nossa vida coletiva”, referiu no discurso de encerramento deste debate promovido por um grupo de cidadãos.

O Presidente do parlamento madeirense começou por lembrar que “é o próprio Papa que defende na Encíclica que «o debate público, se verdadeiramente der espaço a todos, e não manipular nem ocultar informações, é um estímulo constante que permite alcançar de forma mais adequada a verdade ou, pelo menos, exprimi-la melhor. Impede que os vários setores se instalem, cómodos e autossuficientes, na sua maneira de ver as coisas e nos seus interesses limitados».

Destacou ainda que a “Encíclica apanhou-nos a todos no meio de uma pandemia sem fim à vista que obscurece a clarividência e a luz de qualquer responsável político”. No entanto diz que “se esta situação traz alguma coisa de positivo, é a interpelação que nos faz sobre a justiça do mundo que estamos a construir, as desigualdades entre as nações, os povos e os indivíduos e a forma indiferente como, por vezes, olhamos e muitas vezes ignoramos o nosso semelhante”.

Salientou também que “a ação local é imperiosa, pois as consequências da pandemia na nossa economia e no nosso tecido social são preocupantes e estamos perante o maior desafio desde a implantação da Autonomia, ou seja, desde que somos senhores dos destinos das nossas ilhas”.

José Manuel Rodrigues alertou que a “teoria da inevitabilidade é um vírus que mina as nossas sociedades, que tolda o pensamento e coarta a nossa ação.

Precisamos de estar mais atentos uns para com os outros, de ter mais atenção aos que ficam nas periferias do desenvolvimento, de estabelecer um novo relacionamento social”, disse.

A Assembleia Legislativa da Madeira acolheu esta quarta-feira a mesa redonda, promovida por um grupo de cidadãos, para a “Apresentação da Encíclica Fratelli Tutti, sobre a Fraternidade e a Amizade Social”. A moderação esteve a cargo do padre José Luís Rodrigues. Para este debate foram convidados os dirigentes dos partidos representados no parlamento madeirense. Brício Araújo (PSD), Paulo Cafôfo (PS), Rui Barreto (CDS-PP), Élvio Sousa (JPP) e Edgar Silva (PCP) foram os políticos que analisaram a mensagem da Encíclica do Papa Francisco e da sua importância para a construção de uma sociedade melhor, mais solidária e fraterna.

O apelo à abertura universal da fraternidade é uma forma de chamar a atenção para o aumento de correntes inspiradas num nacionalismo de exclusão («nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos» – assim referidos na encíclica – n. 11).

Sobre o funcionamento da economia são questionadas as posições de que o mercado é a solução para todos os problemas. Um pensamento «pobre, repetitivo, que propõe sempre as mesmas receitas para qualquer problema que surja» (n. 168).

Já sobre o combate à pobreza, o Papa afirma que os subsídios devem ser sempre «um remédio provisório para enfrentar emergências». O objetivo, salienta, deve ser o de conseguir uma vida digna através do trabalho.

Entre os muitos pontos focados na Encíclica, estão a especulação financeira, que condiciona o preço dos alimentos e que provoca a fome em muitas pessoas, e a dívida dos países mais pobres, que deve ser paga, mas «não deve comprometer a sua subsistência e crescimento» (n. 126).

O Papa apela ainda a todas as formas de diálogo. «O diálogo social autêntico pressupõe a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, aceitando como possível que contenha convicções ou interesses legítimos» (n. 203).

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