81% defendem recolher obrigatório
Dados constam da sondagem da Aximage para o JN e a TSF
Os que defendem um novo confinamento estão agora em minoria (39%)
Não é unânime, mas é esclarecedor: oito em cada dez portugueses (81%) defendem a imposição de um recolher obrigatório, segundo uma sondagem da Aximage para o JN e a TSF. Ao contrário, os que defendem um novo confinamento estão agora em minoria (39%). A oposição a um fecho generalizado semelhante ao da primeira vaga da pandemia é maior entre os inquiridos que têm 65 ou mais anos (61%).
A hipótese de impor um recolher obrigatório durante a noite ganhou fôlego no arranque desta semana, em particular entre alguns dos autarcas da Área Metropolitana do Porto. Mas não é esta adesão recente que explica a inclinação dos portugueses, uma vez que o trabalho de campo da Aximage decorreu ainda antes (22 a 26 de outubro) dos apelos mais dramáticos.
Uma referência bastante mais plausível será a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, a 16 de outubro, quando admitiu a possibilidade do recolher obrigatório, no caso de haver um "agravamento brutal da situação". Segundo os especialistas, só a Região Norte pode chegar aos sete mil novos casos diários já na próxima semana. E os portugueses também acentuam essa perceção: são agora 31% os que acreditam que é alta ou muito alta a possibilidade de serem infetados (mais 13 pontos percentuais do que em setembro).
Aparentemente, a sondagem aponta para a troca do confinamento pelo recolher obrigatório. Há um mês, havia uma maioria de portugueses (47% face a 40%) a favor de uma medida tão radical como a de março e abril. Por estes dias de outubro, mesmo com o agravamento dos números de infetados, já não é assim: 50% não querem novo confinamento e apenas 39% continuam a defendê-lo.
Uma maioria que cruza todas as regiões do país, mas nem todos os escalões etários: os mais velhos (65 ou mais anos) são os opositores mais convictos (61%), mas entre os mais jovens (18 a 34 anos) ainda há mais gente a defender um novo confinamento (48%) do que a rejeitá-lo (38%). Quando se analisam os segmentos pelo voto partidário, a contestação é transversal, com duas pequenas exceções: os eleitores do PAN e os do CDS (no entanto, as amostras destes dos partidos são reduzidas e a margem de erro é mais elevada).
Festas, transportes e unidades de saúde no mapa do risco
As festas e grandes ajuntamentos continuam a ser as situações em que os portugueses mais temem o contágio: são apontados por 81% (mais cinco pontos percentuais do que em julho). Os transportes públicos estão logo a seguir, mas com uma ligeira redução relativamente a setembro: são apontados por 73% dos inquiridos, com destaque para as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Uma das subidas mais significativas diz respeito aos centros de saúde e hospitais, agora apontados por 47% de portugueses (mais 17 pontos). No outro extremo da tabela estão as escolas: apesar dos casos que vão sendo noticiados, ainda são considerados locais seguros (só 4% discordam). Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se um padrão na perceção do risco: os habitantes do Norte e do Porto lideram em nove das 11 possibilidades apresentadas; o mesmo acontece nas duas faixas etárias mais novas (18/34 e 35/49 anos), que dominam o mapa do "medo".