Espartilho
Ainda temos de levar com uma TAP amadora e sem rumo, que trata parcelas do território em função de interesses
Sinto-me espartilhado. Condicionado por regras que não entendo e cujas explicações não me satisfazem. Por incongruências várias, diárias e recorrentes, que só geram mais condicionamentos ainda.
As notícias parecem surgir para justificar acções tontas ou sem nexo. De Planos A, B e C passamos para a dura realidade, que demonstra infelizmente que nem no papel eles existiram. Quando tanto precisávamos deles…
Os casos aumentam, outras patologias florescem, esquecemo-nos daqueles que, por mais isolados, são obrigados a experienciar um fim de vida longe de afectos, tão injusto quanto inesperado. Resta perceber sequer se justificado…
Tenho ideias quanto ao rumo a seguir. Acho que sei o que podemos fazer, pelo menos no curto prazo, para minorar as consequências desta horrorosa pandemia. Enredados em regras pensadas para tempos normais, dizem-me que mais não dá para fazer por causa de minimis e quejandos. Ganha novamente o cimento, portanto.
Perdemos tempo, uma enormidade de tempo, a discutir culpas e a sobrevalorizar diferenças quando nos devíamos concentrar nos pontos em que concordamos. A retórica política continua a sobrepor-se ao interesse maior; quase pareço eu, a justificar com caracteres outras incapacidades…
No meio disto, em modo sobrevivência que dura desde Março (convém não esquecer), tenho de entreter-me com a variante layoff 6.0. E de perceber como, com perdas de receita na ordem dos 80%, consigo manter em dia a relação com o exigente sócio que não escolhi, ao mesmo tempo que pago ordenados e tento saldar dívidas a fornecedores.
Do ponto de vista comercial, as reduções de preço que, de um modo geral, todo o sector anda a fazer, nalguns casos na ordem dos 60%, não trazem resultados. O cliente, também ele mudou, porque aquele que tradicionalmente nos visitava não viaja; é grupo de risco.
Ainda temos de levar com uma TAP amadora e sem rumo, que trata parcelas do território em função de interesses que seguramente não têm qualquer racional económico; vejam, a título de exemplo, o número de vôos programados cancelados e a política ilegal de reembolsos que continuam a praticar.
Vejo-me forçado a ligar o “idiotómetro” no que à comunicação diz respeito, apelando a uma clientela 20 anos mais nova, com outros gostos e apetências. E tenho de conseguir fazê-lo com um produto que não foi concebido para isso. Nós que nos adaptemos mas as regras por que se rege a União Europeia, o Estado ou a Lei das Finanças Regionais, essas cá mantêm-se iguais, neste tempo de excepção.
A 4 ordenados de distância do final do ano, sem receita suficiente para a despesa que tenho, o espartilho cada vez mais aperta. Sinto-me a ficar sem ar mas não vou desistir; isso e só isso é o que consigo garantir!