Estragos colaterais
Boa noite!
. A Madeira ainda não adaptou a lei, que entrou hoje em vigor no continente, relativa ao uso obrigatório de máscara na rua. Apesar de ter lançado em final de Julho uma determinação ilegal com o mesmo propósito, a Região foi incapaz de regulamentar em tempo útil. Nada que espante. A capacidade de produção legislativa do parlamento madeirense deixa muito a desejar nos últimos tempos. É no que dá o excesso de ‘one-man show off’.
Sobre esta mesma matéria, Miguel Albuquerque prometeu um decreto regional para breve. Contudo, a argumentação parece estar desprovida de nexo: "Nós vamos fazer essa aprovação aqui na Madeira e depois, consoante as decisões da Direção Regional de Saúde, caso haja focos de infeção local ou agravamento da situação, tomaremos essa decisão [de aplicar a lei]". Como é que é?
Uma vez que o disposto no diploma se aplica nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira - e estabelece que a obrigatoriedade do uso de máscaras na rua é uma forma de combater a pandemia de covid-19, terá a duração de 70 dias e abrange pessoas a partir dos 10 anos para "acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável" - julgamos que as devidas adaptações regionais não devem pôr em causa o propósito da lei nacional.
. A pandemia não sai das notícias e há quem culpe os jornalistas. Serão os mensageiros os culpados das declarações impensadas, das decisões geradoras de alarme, das medidas avulsas, dos números mal explicados, das conferências de imprensa exaustivas e das opções duvidosas? Não nos peçam para sermos simultaneamente aliados da saúde pública e vendedores de ilusões. Não temos tamanho ‘dom’. A nossa missão é outra, é contar com rigor, interpretar com honestidade e perguntar para melhor esclarecer.
. Para quem vive numa ilha custa ouvir tanto especialista em transporte aéreo falar do que não sabe. Mas bem pior é ter provas inequívocas que o País anda a pagar políticos que tomam por verdades absolutas reles posts de redes sociais e ‘fakes’.
Por falar em aviação e de estragos colaterais provocados pela pandemia, há uma notícia de hoje que convém ter em conta. Li no Expresso que se o transporte de passageiros não recuperar até final do ano, 193 dos aeroportos Europeus irão enfrentar insolvência nos próximos meses. O alerta foi lançado pelo Conselho Internacional dos Aeroportos, entidade que nota também que a manutenção de restrições severas nas viagens transfronteiriças, na temporada de inverno que agora começa “piorou consideravelmente as perspetivas de tráfego aéreo” para o futuro mais próximo. E que adverte que os aeroportos em situação de insolvência são principalmente os regionais, os que servem sobretudo algumas das comunidade locais de maior relevo a nível europeu. Onde é que acham que vivemos?