Líderes partidários debateram a Encíclica do Papa
Foi apresentada hoje a Encíclica Social do Papa Francisco sobre a ‘Fraternidade e a amizade social’, no salão nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, com um debate com os seguintes intervenientes: Brício Araújo em representação do líder do PSD, Miguel Albuquerque, Paulo Cafofo, líder do PS, Rui Barreto, líder do CDS, Élvio Sousa, líder do JPP e o Edgar Silva, líder do PCP, sendo moderado pelo padre José Luís Rodrigues.
Foi uma iniciativa inédita, facto constatado pelo público em geral, na Assembleia Regional da Madeira. Serviu para os políticos inspirados na nova Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti”, fazerem uma outra abordagem sobre as questões humanas da actualidade e todos os desafios que a pandemia do coronavírus está a colocar na ordem do dia. Nomeadamente, a questão do bem comum, a fraternidade, a necessidade de vencermos barreiras, colocar no centro do debate a dignidade humana, o diálogo, a promoção do trabalho e a erradicação da pobreza.
O representante do líder do PSD, o deputado Brício Araújo na sua intervenção lançou a ideia de que “hoje vivemos uma distorção da fraternidade que de acordo com a denúncia do Papa a sociedade globalizada tornou-nos próximos, mas não vizinhos”.
Adiantou ainda “a necessidade de combater a violência particularmente a violência doméstica. Apelou à tolerância e ao respeito pelas instituições, principalmente a Constituição Portuguesa, que tem consagrado nos seus artigos a dignidade humana e os diversos direitos atribuídos à pessoa humana.
Paulo Cafôfo, líder do PS, apresentou o Papa Francisco como o único líder de referência da actualidade. Disse que “a mensagem da Encíclica é tão abrangente que os temas abordados aproximam os que se afastaram da igreja”. Afirmou ainda que “o Papa é um promotor do diálogo e revelou a importância que o Papa dá à consciência histórica”.
Rui Barreto, líder do CDS, considerou que “a sociedade evoluiu de forma desequilibrada” e, face isto, ele considera o Papa um inconformista no sentido em que os tempos que vivemos não promovem a dignidade humana, por isso, é preciso incentivar o diálogo uns com os outros porque “nenhum homem é uma ilha”. E que o projecto político deve estar ao serviço do bem comum, a longo prazo independente de eleições.
Élvio Sousa, líder da JPP considera que a Encíclica “Fratelli Tutti” é uma mensagem para o mundo global por isso considera ser uma mensagem global. Faz uma radiografia do mundo com vínculo marcadamente social, destacou como sendo um texto iluminista (neo-iluminismo). Relevou a denúncia do Papa relativamente à falta de tolerância e de fraternidade, por isso,“a vontade política deve assentar na fraternidade, para fazermos emergir um mundo para todos, assente na promoção do trabalho e da economia regularizada”.
Edgar Silva, líder do PCP começou logo com a pergunta inspirada na mensagem do Papa: “Poderá a democracia que temos ser libertadora”? Tendo em conta que a democracia se transformou num formalismo, num “nominalismo” seguindo a expressão do Papa. Isto é, deixa de fora o povo, aliás, tem em conta o povo só para votar. Daí a valorização que o Papa faz da intervenção dos grupos e movimentos sociais que neste momento estão a ter uma importância muito grande em termos da intervenção social e política.
Este evento terminou com a intervenção do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues e contou com a presença do Vigário Geral, Cónego José Fiel Sousa em representação do bispo da Diocese do Funchal.