Reino Unido regista mais de 300 mortes pelo segundo dia consecutivo
O Reino Unido registou 310 mortes de covid-19 nas últimas 24 horas e 24.701 novas infeções e consequência da pandemia de covid-19, anunciou hoje o Ministério da Saúde britânico.
Na terça-feira tinham sido registadas 367 mortes, o valor mais alto desde fim de maio, e 22.885 novos casos, mas os números no início da semana podem ser inflacionados pelo atraso no processamento dos dados durante o fim de semana.
Nos últimos sete dias morreram no Reino Unido 1.517 pessoas vítimas de covid-19, uma média de 217 por dia, o que representa um aumento de 51,2% relativamente aos sete dias anteriores.
O total acumulado desde o início da pandemia de covid-19 no Reino Unido é agora de 942.275 contágios confirmados e de 45.675 óbitos registados num período de 28 dias após as vítimas terem recebido um teste positivo.
A taxa de infeção nacional é atualmente de 223.8 casos por 100 mil habitantes.
De acordo com as informações do Ministério da Saúde, na segunda-feira estavam hospitalizados no Reino Unido 9,520 pacientes com covid-19, dos quais 902 com necessidade de apoio respiratório por meio de ventilador.
Em declarações hoje à BBC, Mark Walport, um antigo assessor científico do governo, disse que "não é irrealista" que este número mais que duplique nas próximas semanas, para 25.000 hospitalizados no final de novembro, tendo em conta a evolução observada em França ou Espanha.
"Umas das diferenças, claro, é que agora tratamos melhor as pessoas com o novo coronavírus. E, portanto, esperemos, a taxa de letalidade seja menor do que era na primeira vaga. Mas, no fim de contas, a taxa de letalidade, o número de pessoas que morrem, é um resultado do número de pessoas que são infetadas e das suas vulnerabilidades", acrescentou.
O jornal Daily Telegraph noticiou hoje que o governo britânico está a prever uma segunda vaga da pandemia de covid-19 mais mortífera do que a primeira, com valores máximos diários mais baixos do que na primavera, quando chegou a ultrapassar mil óbitos por dia, mas durante um período mais longo.
Projeções feitas pelo Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências [SAGE] sugerem que o país poderá registar 500 mortes por dia ao longo de semanas ou meses, colocando pressão para o governo impor mais restrições sociais ou, eventualmente, um novo confinamento nacional.
"Com as nossas medidas atuais, há poucos indícios de que haja tanto distanciamento social quanto havia quando reprimimos a primeira onda, portanto, sabemos que é significativo o risco de que os casos continuem a crescer", disse Walport.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a região europeia foi responsável pela maior proporção de novas infeções, pela segunda semana consecutiva, com mais de 1,3 milhões de casos ou cerca de 46% do total mundial.
A agência de saúde da ONU também disse que as mortes também aumentaram cerca de 35% na Europa desde a semana anterior e que as hospitalizações e a ocupações de camas em cuidados intensivos devido à covid-19 aumentaram em 21 países da Europa.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tinha prometido em julho um Natal com alguma "normalidade", mas o agravamento da situação epidémica levou dois partidos de oposição a pedirem maior coordenação no combate à pandemia.
Devido ao sistema de governação descentralizada do Reino Unido, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte desenvolveram as suas próprias regras para travar o novo coronavírus, enquanto que Johnson desenvolveu um sistema de restrições regionais que se aplicam apenas em Inglaterra.
O resultado é uma manta de retalhos de regulamentos que divergem entre as quatro nações ou mesmo entre cidades próximas.
Juntamente com o partido Aliança da Irlanda do Norte, o líder dos Liberais Democratas, Ed Davey, defendeu uma "cimeira das quatro nações para chegar a um acordo sobre um conjunto de orientações uniformes para o Natal que funcione para as famílias em todo o Reino Unido"
Mas o ministro do Ambiente, George Eustice, respondeu ser "muito cedo" para saber quais serão as regras na altura, embora tenha admitido que "pode não ser possível reunir em grandes grupos como normalmente".