O incómodo da deputada
A deputada Isabel Moreira (IM) manifestou no Expresso o seu agastamento com as críticas dos “opinadores” e os alertas vindos de gente da própria classe política como o Presidente da República, Rui Rio, Ana Gomes, Marisa Matias e Catarina Martins quanto à corrupção no País que mina a nossa democracia. Para IM alertar para a hipótese de poder suceder com os próximos fundos comunitários algo semelhante ao que aconteceu com os anteriores, fruto de conluios entre deputados e governantes para beneficiar ao máximo os interesses de determinadas empresas e investimentos, algumas vezes até com prejuízo para o erário público, não passam de “bocas cheias de corrupção”. IM detesta que se fale da corrupção em Portugal, ou critique o “sistema” e muito menos meta os políticos nesse barco. Alega IM que “temos leis altamente elogiadas, para as quais os governos do PS, e concretamente António Costa como Ministro da Justiça, tanto contribuíram”. Tem razão não faltam leis em Portugal o que falta é cumpri-las. Não deixa de ser curioso que alguns dos processos mais mediáticos a correr nos Tribunais tenham como protagonistas ex-governantes do PS. O relatório da Transparency International informa que a nossa situação piorou em 2019, e fala em derrapagem e “falta de coragem política” no combate à corrupção em Portugal. Já IM refere que “não existem dados fiáveis sobre as manifestações da corrupção em Portugal nem uma estrutura responsável pelo tratamento desses dados, o que prejudica o conhecimento do fenómeno na sua real extensão” e “quem realmente quer combater a corrupção preocupa-se, por exemplo, com o reforço dos meios de investigação”. Mas então o que têm andado a fazer os/as deputados/as IM incluída na Assembleia da República? Não existem dados fiáveis por mero desleixo ou porque não interessa tê-los? Reforço dos meios de investigação? Mas não temos tido em 20 dos últimos 25 anos sucessivos governos do PS? Creio que talvez se deva a isso o incómodo da deputada.
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