Forças Armadas ficam na Amazónia até Abril de 2021
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, anunciou hoje que o Governo vai prorrogar a atuação das Forças Armadas no combate aos crimes ambientais na Amazónia até abril de 2021.
A operação "vai até abril, vamos prorrogar. A decisão está tomada", disse Mourão numa breve declaração para jornalistas.
O vice-presidente brasileiro coordena o Conselho Nacional da Amazónia, criado para proteger a floresta amazónica, ecossistema que ocupa cerca de 60% do território brasileiro.
As Forças Armadas trabalham desde maio contra ações de desflorestação e incêndios que avançam na maior floresta tropical do planeta, em uma ação que terminaria inicialmente em novembro e agora se estenderá até abril do próximo ano.
"Temos recursos suficientes para ir até abril", disse Mourão.
A presença de quase 10.000 soldados do Exército não se traduziu numa redução drástica nas taxas de destruição na Amazónia brasileira, que dispararam desde que o Presidente, Jair Bolsonaro, assumiu o poder em 2019.
No ano passado, a desflorestação e as queimadas cresceram 85% e 30%, respetivamente, no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Nesses quase dez meses de 2020, a Amazónia brasileira já registou 90.571 focos de incêndios, número superior ao total notificado em todo o ano de 2019, quando foram registados 89.176 incêndios, segundo o INPE.
Os alertas sobre ações de desflorestação entre janeiro e setembro deste ano abrangeram 7.063 quilómetros quadrados de floresta, o que representa uma redução de 10,25% em relação aos primeiros nove meses de 2019, embora ainda apresente níveis alarmantes.
Organizações ambientalistas e alguns Governos europeus atribuíram esse aumento da destruição na Amazónia ao discurso anti-ambiental de Bolsonaro, que defende a exploração dos recursos naturais do ecossistema e é contra a demarcação de novas reservas indígenas.
Este ano a preocupação da sociedade civil e também de importantes fundos de investimentos internacionais se estendeu ao Pantanal, maior pântano do planeta que o Brasil divide com a Bolívia e o Paraguai e onde se registaram os piores incêndios das últimas duas décadas.
Na semana passada, Bolsonaro disse em cerimónia oficial que seu gabinete prepara um voo sobre a Amazónia para que diplomatas estrangeiros vejam, segundo ele, que "nada está queimando, nem há um hectare de selva devastada".
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).