“Quem tem os olhos sujos vê sempre muita sujidade”
Durante este mês de Outubro, assinalou-se o terceiro aniversário da tomada de posse dos órgãos autárquicos eleitos em 2017. Confesso que a experiência autárquica, que nunca pensei ter na minha vida, tem sido um espaço de aprendizagem sobre a cidade em que nasci, cresci e escolhi viver.
Sendo certo que a experiência de um membro da Assembleia Municipal é muito diferente de quem está numa vereação ou no executivo de uma Junta, a verdade é que o membro da Assembleia Municipal tem responsabilidade de fiscalizar a ação do executivo camarário. Colocando questões, fazendo recomendações para a melhoria das condições de vida na cidade. É isso que nos move. O interesse público municipal está acima de tudo.
Tendo passado já ¾ do mandato, é possível fazer um balanço daquilo que foi/é a cidade do Funchal nos últimos 3 anos. Mais. Entrámos já na reta final do segundo mandato em que a Câmara Municipal do Funchal, por escolha dos munícipes, não é liderada pelo PSD.
Após 7 anos de Mudança e Confiança, e de 2 Presidentes embora apenas 1 dele tenha sido eleito, aquilo que vemos é uma cidade antiga. Onde os prémios devolutos são uma realidade na zona histórica, onde o lixo prolifera e uma cidade que foi perdendo condições de atratividade para fixar empresas, jovens famílias e os Funchalenses.
Muitos dirão que o Funchal perdeu a alma graças à ausência do Turismo provocada pela pandemia que hoje vivemos. Mentira! O Funchal, já a Economia florescia há 81 meses consecutivos na Região, a partir das 18h30/19h é um deserto. Praças e ruas vazias, negócios com a porta aberta para apenas pagar aos funcionários. O Funchal, uma cidade com vida e cosmopolita é uma miragem daquilo que já foi.
A conservação dos pontos turísticos da cidade está degradada. Basta passar nos nossos miradouros, verificar em algumas artérias principais a forma como a recolha do lixo já funcionou melhor. E antes que digam alguma coisa, a culpa não é dos funcionários. Porque foi com esses funcionários que em 1999, 2001 e 2007 o Funchal foi distinguido com prémios de qualidade ambiental e cidade com mais espaços verdes.
Para além do safari urbano que somos obrigados a viver, diariamente, dado o estado das estradas sobre a alçada da Câmara Municipal do Funchal, em que vamos de buraco em buraco até mandar a suspensão do carro à vida, a cidade cria dificuldades à mobilidade e ao acesso da população à zona central. É incompreensível como é que em pleno século XXI, no Funchal, um automobilista não consiga pagar os parques de estacionamento explorados pela CMF através de uma aplicação? Com tanto brilhantismo na gestão municipal ainda não conseguiram modernizar a gestão dos parques de estacionamento municipal.
Recentemente, o Município do Funchal anunciou uma operação de limpezas sem precedentes para preparar a época natalícia. Imaginem se a cidade estivesse, de facto, suja.
Um executivo de esquerda que falha a meta da sustentabilidade ambiental sendo responsável por 50% das perdas de água na Ilha da Madeira, quando tem no seu município apenas 42% da população?
Apesar de ainda faltar um ano para o final do atual mandato, há uma conclusão que parece simples: o Funchal perdeu 3 anos para inovar, crescer e tornar-se mais atrativo. No entanto, e nas palavras do Senhor Presidente da Câmara “quem tem sempre os olhos sujos, vê sempre muita sujidade”.