Prioridades invertidas
São tantas as prioridades invertidas que assolam o nosso quotidiano que custa imenso escolher uma. Começando pelo famigerado Novo Banco que de novo nada tem a não ser as renovadas injeções de capital, alguém que explique direitinho porque é que os portugueses têm que contribuir com os seus impostos para injetar dinheiro num Banco com um historial de contradições; Foi ou não comprado pelo “Fundo Lone Star “? Se, como dizem,o dinheiro vem do Fundo de Resolução, com que dinheiro se alimenta esse fundo? Porque se teimam em manter um Banco que vem dando prejuízos desde 2017? Se o dinheiro vem do Estado como é que a Lone Star tem autoridade para fechar73 balcões e despedir 510 trabalhadores aumentando assim a despesa do Estado com o desemprego? São estas questões que têm que ser explicadas para ao menos percebermos porque é que os partidos da oposição ameaçam chumbar o O. E. para 2021 sabendo que irão agravar a crise financeira, provocada por esta terrível pandemia, se o Governo for obrigado a governar com duodécimos em 2021. Sabemos que o mundo da alta finança chafurda bem na lama e talvez por isso seja preciso manter estes casos confusos, obrigando o poder político a esconder parte da verdade uma vez que nenhum governo, no Mundo, quer aprofundar estes casos já que eles próprios, estão reféns dos grandes grupos capitalistas. Não admira, pois, que os mais ricos, em plena crise pandémica, aumentaram as respetivas fortunas em 27%, acumulando cerca de 10 biliões de dólares. Já não há lugar para dúvidas, o Mundo está subjugado por corruptos, interesseiros, incompetentes e ditadores disfarçados de democratas ao ponto de fazer lembrar uma célebre frase de Elie Wiesel: “Pode haver momentos em que somos impotentes para evitar a injustiça mas nunca deve haver um momento em que deixemos de protestar”
A população não pode estar sujeita a governos arrogantes que por terem ganho um ato eleitoral já se julgam donos do território mandando e desmandando a seu belo prazer, esbanjando os fracos recursos económicos como se não houvesse amanhã. Os governos passam mas os países ficam para sofrer as consequências das más governações.
E quando se fala em incompetências a Madeira não foge à regra por ser um flagrante mau exemplo de gestão da coisa pública. Todos nós sabemos que a nossa principal fonte de receita é o turismo já que o sector primário da economia regional, por incúria, foi negligenciado por um (des)governo psd, com mais de 40 anos. Infelizmente o turismo sofreu uma drástica redução, sem previsibilidade de aumentar a curto prazo mas o G.R. continua a gastar à tripa-forra os parcos recursos financeiros que dispõe (por enquanto) a contar já com verbas a fundo perdido que ainda não chegaram.
Estamos a braços com uma calamidade sem precedentes, com mais de 80 mil madeirenses em pobreza extrema e um crescente manancial de pobreza envergonhada sem recursos financeiros para mitigar a fome à família. Estamos com uma taxa de desemprego galopante, próximo dos 7% e a crescer, sendo que o G.R já admite chegar a 18.5%. Aquelas famílias que antes da pandemia eram remediadas estão agora a entregar as casas e outros bens ao Banco porque perderam o emprego e a recorrer ao banco alimentar. Aumenta o contingente dos sem abrigo e idosos abandonados porque escasseiam os lares de terceira idade. A saúde está enferma apresentando, de ano para ano, um défice assustador, agora agravado exponencialmente com as despesas com testes e isolamentos profiláticos em hotéis. O dinheiro escasseia para contratar profissionais de saúde e não há vagas para consulta nos Centros de Saúde aumentando assim o risco de doenças que poderiam ser detetadas precocemente. As infindáveis listas de espera para cirurgias já vão além de 16.000. Depois desta avantesma calamidade alguém compreenda que o G.R. anuncie medidas populistas de gastar 5 milhões para um campo de futebol em Câmara de Lobos e cerca de 17 milhões para uma ligação rodoviária entre a via rápida e o Jardim da Serra? Que se dê milhões todos os anos às Casas do Povo na perspetiva de ganhar mais uns votos? Que se gaste milhões em 460 nomeações para as diversas secretarias do Governo apenas para satisfazer interesses partidários? Alguém pode aceitar esta ordem de prioridades numa altura de tanta miséria e sofrimento? Onde está a coerência e o bom senso do nosso Governo? A prioridade de um bom Governo, terá de ser, invariavelmente, de zelar para que não falte o pão na mesa das famílias.