A desfaçatez do PS
Em tempo de “vacas gordas” que afinal eram magras PS, BE e PCP sentaram-se à mesa de sucessivos OE e à custa dos mesmos cada um tratou de comer a respetiva dose de populismo através da distribuição de umas migalhas pelos setores mais desfavorecidos da sociedade, a redução do défice e muitas promessas incumpridas de investimento público nomeadamente na Saúde. Agora que a pandemia tornou as vacas ainda mais escanzeladas assiste-se a discussões públicas com estridência mediática entre PS e BE com vista à aprovação do próximo OE acusando-se mutuamente de mentirosos numa clara demonstração que ambos prezam antes de mais a sua agenda política do que o interesse do País. O PS tem sido governo em 20 dos últimos 25 anos sempre dentro de uma lógica de compromissos políticos imediatistas e de cariz marcadamente ideológico muitas vezes contraditórios com a prática da sua governação visando sobretudo o seu interesse partidário de conquista e manutenção do poder a qualquer preço em detrimento do real interesse do País que exige acordos políticos que vão para além das legislaturas visando nomeadamente o investimento público em estruturas fundamentais para o desenvolvimento económico e o bem estar da população como a ferrovia e a saúde. Um OE é bom não por ser de esquerda ou de direita mas por estar ao serviço do desenvolvimento da economia do País. Não são as ideologias políticas que criam emprego mas as empresas, é também por isso que o PSD votará contra a proposta do próximo OE. Daí a enorme desfaçatez do PS ao acusar Rui Rio de ter “deixado cair o valor do interesse nacional”, quando foi o Primeiro Ministro (PM) quem sempre desprezou esse valor ao afirmar publicamente: “o PSD, pura e simplesmente, não conta para nada relativamente ao país”; “No dia em que a subsistência deste Governo depender de um acordo com o PSD, nesse dia este Governo acabou”. Com declarações destas, o PM deveria até agradecer por o PSD votar contra o OE pois assim evitará contribuir para a queda do governo.
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