Cohousing ou habitação colaborativa
O processo de envelhecimento da pessoa é uma inevitabilidade, para o qual nos devemos preparar. A população em Portugal ganhou qualidade de vida e cuidados de saúde, o que, acompanhado por uma taxa de natalidade reduzida, contribuiu para uma inversão da tabela demográfica, com efeitos na organização social e institucional.
O paradigma familiar mudou, em Portugal, e assim se alteraram as práticas e os contextos para um envelhecimento acompanhado. Se antes, os idosos permaneciam em casa onde estava garantido o seu cuidado por algum descendente, atualmente o caso afigura-se totalmente diferente. Perspetivar as condições para o envelhecimento é algo que nos preocupa e deve ocupar, pois o futuro da nossa população exige soluções. Apesar das múltiplas respostas criadas, que comportam mais encargos para o próprio, para as famílias ou para o Estado, parecem nunca ser suficientes.
É importante repensar os modelos de resposta e adequá-las às reais necessidades das pessoas que delas precisam, aumentando, ao mesmo tempo, a capacidade para responder às carências de forma mais sustentável e promotora de uma vida com qualidade e segurança.
Uma das possibilidades como alternativa habitacional para os idosos com autonomia que morem isolados ou/e em condições pouco dignas, seria a habitação colaborativa ou Cohousing. Apesar deste conceito de habitação não ter enquadramento legal no país, há já muitas experiências implementadas.
Este modelo habitacional surgiu na Dinamarca, nos anos 70, tendo alargado o seu conceito inicial, muito ligado à população envelhecida, que viu neste modelo uma forma de contrariar a solidão, o isolamento e a insegurança.
Este é um modelo que agora abrange todas as faixas etárias e faz renascer o espírito dos antigos bairros urbanos. Com alguma diferenciação, claro. Nesta forma de habitabilidade, o espírito de partilha é elevado, permitindo que os residentes desfrutem de uma vida independente, mas comunguem de diversos serviços coletivos de apoio social, de saúde, de lazer, etc. Todos colaboram na manutenção, planeamento, administração e limpeza dos espaços e um projeto de cohousing pode integrar serviços que promovam a intergeracionalidade, como creches e infantários.
Ainda que este modelo não sirva para todas as pessoas, pelo menos no pleno uso da sua autonomia, haveria a possibilidade de se optar por uma resposta estimulante e adequada, sem que houvesse necessidade de institucionalização precoce.