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Fica longe…

A História é fértil em casos de pandemias autoritárias que se instalam com o consentimento dos povos

Bem longe, o mais longe possível, seu SARS CoV 2 d’um raio que vieste atazanar a nossa vida!

StayAway Covid é o termo da app inventada

(a sigla “App” é uma abreviatura do termo “aplicação de software”, é um software, pois claro, desenvolvido para ser instalado num dispositivo electrónico móvel tal como um smartphone ou similar e têm o propósito de facilitar o dia-a-dia do seu utilizador fornecendo-lhe as mais diversas possibilidades de escolha. Qualquer App tem associada a geo-localização, mesmo que escondida!)

para que os seus utilizadores saibam que há um contaminado nas redondezas

(impuro!, impuro!, tinham de clamar os infectados com a doença de Hansen, vulgo lepra!)

e assim fugir para longe clamando: StayAway!, fica longe!

Pois é, antigamente eram os “impuros” leprosos que se afastavam dos outros cidadãos, vivendo das esmolas que lhes deixavam no caminho enquanto esperavam que a morte os libertasse do sofrimento do confinamento a que eram obrigados, agora quem se afasta são os sãos que se confinam esperando que o sofrimento do confinamento os liberte da morte outrora certa!

- Impuro! clamavam uns…

- Stayaway! clamam outros…

Uns e outros esperando salvação em confinamento!

Ambas são situações forçadas pelas circunstâncias ditadas por doenças de cariz infeccioso, com transmissibilidades necessariamente diferentes tanto no tempo como no espaço, mas a exigirem medidas drásticas de contenção com algo de autoritarismo subjacente.

É este autoritarismo subjacente, que se insinua sub-repticiamente sem que se vá percebendo e que, qual vírus desconhecido, vai infectando a sociedade com abcessos de difícil controlo e tratamento ainda desconhecido.

A História é fértil em casos de pandemias autoritárias que se instalam com o consentimento dos povos que crêm ser aquela a “melhor” solução ou pelo menos a menos má, ouvindo frases como: “as medidas só são autoritárias se as pessoas não fizerem já espontaneamente”, isto é, se todos fizerem deixa de ser autoritário.

Qualquer candidato a autoritário sabe bem que se convencer uma maioria a fazer determinado percurso, as minorias que optem por um outro passam a ser “do contra” e assim sujeitas a incómodos por parte dos autoritários que acompanham o poder autoritário instalado.

Reconheçamos que há ocasiões, quando o bem de todos tem de se sobrepor ao bem individual, quando são necessárias medidas mais “duras” de controlo. E esse controlo tem de ser acatado por todos para que não haja descontrolos por partes. Mas isto não significa que se façam permanentes medidas que devem ter um carácter provisório para as situações que se tem de enfrentar. A tentação autoritária, facilmente transformável em totalitária, fará com que os provisórios tentem passar a definitivos, como nos conta a História através de Lenines, Estalines, Hitlers e outros ainda mais recentes, causando sofrimentos indizíveis que só cessam após convulsões sangrentas, tal como acontece aos abcessos quando a terapêutica não tem o efeito pretendido.

Para ambos os casos de pandemias, infecciosas e totalitárias, há vacinas que têm de ser estudadas e administradas o mais precocemente possível para que o sofrimento seja o menor possível, e nos entretantos há que prevenir, prevenir, prevenir…

A Saúde e a Democracia agradecem!

Vai para longe Covid!,

Vai para ainda mais longe StayAway!

Fica longe tentação totalitária!

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