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Número de queimadas na Amazónia este ano já ultrapassa o total de 2019

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A Amazónia brasileira concentrou, de janeiro até esta quinta-feira, 89.604 focos de queimadas, ultrapassando o número de incêndios registados em todo o ano passado (89.176), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Em 2019, o número de incêndios na Amazónia brasileira já tinha sido em 30% superior aos de 2018, de acordo com dados de satélite recolhidos pelo Inpe, um órgão governamental.

O aumento de focos de incêndio naquela que é a maior floresta tropical do mundo ocorre no momento que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), órgão do Governo central do Brasil responsável pelas políticas de proteção ao meio ambiente, ordenou que as suas brigadas contra incêndios suspendessem todas as atividades no país por falta de recursos.

A retirada dos quase 1.400 bombeiros do Ibama enviados para diferentes regiões do país para combater os incêndios, incluindo a Amazónia e o Pantanal, que nos últimos dois anos bateram recordes, foi ordenada pela Direção de Proteção Ambiental.

O presidente, Eduardo Bim, disse ao jornal GloboNews que o órgão enfrenta problemas financeiros que impedem o cumprimento de compromissos. "Temos contratos há três meses sem pagamento", explicou, acrescentando que os valores pendentes rondam os 19 milhões de reais (2,8 milhões de euros).

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vem reduzindo gradualmente os recursos do Ibama desde o ano passado e chegou a anunciar a sua intenção de o fundir com outros órgãos ambientais.

Também nesta quinta-feira, o Presidente, Jair Bolsonaro, classificou de "falsas narrativas" as informações sobre os grandes incêndios que devastam a Amazónia e o Pantanal, e afirmou que a floresta tropical "não arde".

"Estamos a ultimar uma viagem Manaus-Boa Vista, onde convidaremos diplomatas de outros países para mostrar naquela curta viagem de uma hora e meia que não verão na nossa floresta amazónica nada a queimar ou sequer um hectare de selva devastada", afirmou o mandatário, que nega a destruição ambiental no seu país.

Por outro lado, a organização não-governamental Greenpeace contestou as declarações de Bolsonaro, declarando que, "ao contrário das alegações do Presidente", houve uma "alta das queimadas e incêndios florestais na Amazónia".

"A falta de medidas para conter tamanho dano na maior floresta tropical do mundo revela o descaso do atual Governo em cuidar das florestas e de seus povos, ou, o que é pior, a escolha deliberada do Governo de pactuar com essa destruição, tentando esconder o que o mundo já sabe: o Brasil está em chamas", frisou o porta-voz do Greenpeace no Brasil, Rômulo Batista.

O combate aos incêndios florestais no país continuará a ser feito, mas com agentes, bombeiros e militares enviados pelos governos regionais e pelas Forças Armadas.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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