Engenharia no abastecimento de água
O excesso de pressão na rede de distribuição, provoca na rede uma maior frequência e dimensão nas roturas, o que implica um maior volume de água perdida.
Na natureza não existe água pura, devido à sua capacidade de dissolver quase todos os elementos e compostos químicos, a água é permanentemente ameaçada pela poluição. Esta é causada pela falta de proteção nas nascentes, uso inadequado do solo, afastamento dos modelos da agricultura sustentável, recurso excessivo a agrotóxicos e fertilizantes, falta de investimento no tratamento de efluentes, etc. Daí a necessidade de aplicação de engenharia em processos de tratamento de água, criando água para abastecimento e consumo.
O tratamento da água tem como principal objetivo a eliminação de impurezas prejudiciais e nocivas à saúde. Estação de Tratamento de Águas (ETA) é a parte do sistema de abastecimento onde ocorre o tratamento da água captada na natureza, visando a posterior distribuição à população.
Apesar de todos os esforços e aplicação de engenharia na origem, os sistemas de distribuição são igualmente importantes.
Um sistema de abastecimento de água engloba várias componentes, das quais é fulcral referir as condutas adutoras que fazem a adução da água até aos reservatórios, os próprios reservatórios que fazem o armazenamento da água e a regularização dos consumos, as condutas distribuidoras que conduzem a água aos consumidores finais, os ramais de água e os elementos patrimoniais, nomeadamente os fontanários e os bebedouros.
A gestão de uma rede de distribuição, baseia-se também na gestão das pressões com que a água deve ser fornecida aos diferentes consumidores. Pressões elevadas nos diferentes componentes de uma rede apresentam fortes inconvenientes, tais como: produção de ruídos nas redes interiores dos edifícios, possibilidade de desgaste e avaria dos equipamentos, risco de rotura de aparelhos, etc.
A pressão máxima recomendada em qualquer ponto de utilização de rede, medida ao nível do solo, é de 6 bar a pressão mínima é de 1 bar, em qualquer dispositivo de utilização predial para o caudal de ponta.
O excesso de pressão na rede de distribuição provoca na rede uma maior frequência e dimensão nas roturas, o que implica um maior volume de água perdida. Provoca ainda um maior consumo por parte dos consumidores, e uma diminuição da vida útil das condutas e equipamentos, levando ao aumento dos custos de manutenção destes.
Contudo, para o consumidor final, existem duas situações resultantes dessas medidas: pressão excessiva ou pressão baixa na sua rede predial.
Ambas as situações são custosas para o consumidor final. Assim, se houver pressão excessiva à entrada, o consumidor final poderá desperdiçar água e correr o risco de danificar-se os dispositivos e componentes do seu sistema hidráulico, causando prejuízos e roturas de água na sua habitação. Esta situação pode ser minimizada com a instalação de uma válvula redutora de pressão junto ao contador da água.
No caso de a pressão ser demasiado baixa à entrada, o consumidor final poderá ter problemas no funcionamento de alguns equipamentos, assim como falhas de abastecimento em certas partes da habitação. Nesta situação recomenda-se o recurso a reservatórios domésticos, assim como a instalação de grupos hidropressores para compensar a baixa pressão.
Artigo escrito pela Engenheira Técnica Débora Santos