Futuro do Governo dos Açores decidido no próximo domingo
Uma das dúvidas é se o PS conseguirá manter a maioria absoluta
No próximo domingo, cerca de 230 mil eleitores decidem o futuro do Governo Regional dos Açores. Em 2020 concorrem 13 forças políticas a 57 lugares. Uma das dúvidas é se o PS-Açores consegue segurar a maioria absoluta com que governa há mais de 20 anos.
Por causa da pandemia, os Açores também sofreram um decréscimo abrupto no turismo e enfrentam sérias dificuldades para manter uma economia saudável. Vasco Cordeiro, actual presidente do Governo e candidato pelos socialistas apela, por isso, à estabilidade.
Nas últimas eleições o PS conseguiu a 5.ª maioria absoluta consecutiva, com 46,4% dos votos, contra 30,9% dos alcançados pelo PSD. Para a garantir, o PS tem de conseguir mais de 28 dos 57 lugares no parlamento açoriano. Os partidos mais pequenos poderão ditar o desfecho.
O PSD-Açores foi governo entre 1976 (os social-democratas eram liderados por João Mota Amaral e conseguiram uma maioria absoluta) e 1996, altura em que o PS ganha o jogo político com Carlos César como cabeça-de-lista, que se manteve no poder durante 16 anos. Quando o socialista saiu em 2012, escolheu Vasco Cordeiro como sucessor, actual presidente do Governo Regional, eleito pela primeira vez com 48,98% dos votos, quando defrontou o PSD liderado pela antiga presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Berta Cabral.
Vasco Cordeiro foi reeleito em 2016 quando defrontou o social-democrata e antigo eurodeputado, Duarte Freitas. Mas apesar de vencerem as eleições nos últimos 24 anos, os socialistas têm vindo a reduzir a percentagem de votos.
Nestas legislativas, o PSD é liderado por José Manuel Bolieiro, que já se viu envolvido em polémica a dias do acto eleitoral, quando o Público avançou que o candidato está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) pelo crime de insolvência culposa quando presidia à autarquia de Ponta Delgada.
3.500 eleitores já votaram antecipadamente
No domingo passado, uma semana antes das eleições, cerca de 3.500 eleitores escolheram votar antecipadamente - metade nos Açores e outra metade no continente - uma possibilidade que acontece pela primeira vez nas eleições legislativas regionais dos Açores.
Círculos eleitorais
Nas eleições legislativas açorianas existe um círculo por cada uma das nove ilhas (São Miguel, Terceira, Faial, Pico, São Jorge, Graciosa, Santa Maria, Flores e Corvo) e um círculo regional de compensação, reunindo os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.
São Miguel, a maior ilha do arquipélago, elege 20 deputados, contando com 127.947 eleitores, mais 741 do que em 2016.
Segue-se a Terceira, com 10 deputados e 52.498 eleitores (+39), o Pico, com quatro deputados e 13.613 votantes (+117), o Faial, com também quatro parlamentares e 13.019 eleitores (o mesmo número do que em 2016), São Jorge, com três deputados e 8.710 inscritos (+62), Santa Maria, com três deputados e 5.393 votantes (-106), a Graciosa, com três deputados e 3.936 eleitores (-475) e Flores, que também elege três deputados, com 3.119 votantes (-68).
A ilha mais pequena do arquipélago, o Corvo, vai eleger dois deputados e conta com 337 eleitores, mais três do que há quatro anos.
Os restantes cinco deputados, de um total de 57, são eleitos pelo círculo de compensação.
A abstenção é uma das fraquezas dos Açores. Em 2016, 6 em cada 10 açorianos não votaram (59,2%).
Espreite abaixo os boletins de voto disponíveis no site da CNE.
Sondagens
A julgar pela sondagem da Universidade Católica para a RTP, divulgada esta quinta-feira, o PS deverá manter a maioria absoluta, com 45 por cento das intenções de voto.
O PSD tem 32 por cento. A maior queda é a do CDS. Os centristas recolhem apenas 3 por cento dos votos.
O Chega entra para quarta força política, também com 3%. O Bloco de Esquerda e CDU mantêm a votação de há 4 anos: os bloquistas com 3 por cento e a CDU com 2 por cento.
PAN e Iniciativa Liberal podem eleger um deputado com 2 por cento dos votos na região autónoma. O PPM deverá manter o único deputado que já tem na Assembleia Legislativa.