Pesca descarregada até Agosto na Madeira com quebra de 46%
Dados publicados pelo INE revelam ligeiro agravamento face ao pescado vendido até Julho, mas o valor do produto do mar desvalorizou menos
O sector das pescas como muitos outros está a passar por um 2020 que, até ao momento, é para esquecer. As quantidades e os valores do pescado descarregado na Madeira caem há meses a fio, terminando os primeiros 8 meses com quebras de quase 46% (bem perto de metade) e de cerca de 42%, respectivamente.
Os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística revelam que desde Janeiro até Agosto o pescado descarregado totalizou 3.655 toneladas, que foi vendido a 10,765 milhões de euros, quando no mesmo período do ano passado, tinham sido descarregados 6.733 toneladas de peixe por um valor de 18,557 milhões de euros.
Refira-se que 2019 foi o melhor ano de sempre em termos de valorização do pescado, com um total de 22,133 milhões de euros apesar de 'apenas' 8 mil toneladas de peixe, quantidade que está longe de anos passados (ainda assim o melhor ano desde 2003).
Voltando aos dados de 2020, até Julho a quebra de 45,19% na quantidade e de 42,16% no valor em primeira venda (em lota), o que significa que as quantidades pescadas em Agosto (470 toneladas) e o seu valor (1,379 milhões de euros) contribuíram por um lado para piorar as quebras no total do pescado, mas por outro aligeirar as quebras na valorização do pescado. Poderá significar, como em qualquer situação de mercado aberto, que quanto menos quantidade houver de um produto e maior a procura por este, mais será valorizado, aumentando assim o preço médio?
No ano passado, em Agosto, cada quilograma de peixe valia 2,53 euros, no mesmo mês deste ano com quebra de 48,9% no pescado descarregado e de -40,7% no valor do mesmo, cada quilograma custou ao comprador uma média de 2,93 euros.
No entanto, cada espécie tem o seu valor, destacando-se na Madeira as duas mais capturadas, o atum e similares (ou tunídeos) e o peixe espada-preto. Este ano, a frota de pesca da Madeira já capturou e descarregou 1.470 toneladas de peixe espada-preto contra 1.496 toneladas nos mesmos oito meses do ano passado (diminuição ligeira de 1,73%), valendo assim 4,418 milhões de euros, menos 5,080 milhões de euros (perda de 13%). Claramente menos, quiçá passível de recuperação, mas não tanto quanto os tunídeos que de Janeiro a Agosto deste ano chegaram às lotas 1.887 toneladas, enquanto no ano passado tinham sido 4.766 toneladas (quebra significativa de 60,4%), valendo 5,358 milhões de euros perante os 12,293 milhões acumulados nesse período do ano passado (ou seja menos 56,4%).
Nota ainda para o facto de até Março, o pescado descarregado atingia as 760 toneladas contra 716 toneladas nos mesmos três primeiros meses do ano passado. Depois veio a paralisação da actividade e da economia. Embora nunca tenham deixado de pescar, os tradicionais melhores meses no mar já se foram. Mesmo faltando quatro meses para terminar o ano, dificilmente haverá espaço para grandes recuperações, num ano que ficará para a história recente da Madeira como um dos piores da economia, afectando praticamente todos os sectores de actividade, não deixando de fora o sector pesqueiro.