Alunos portugueses entre os que mais lutam pelo bem-estar colectivo
Os alunos portugueses estão entre os jovens com mais vontade de agir para o bem-estar coletivo, segundo um estudo da OCDE que compara estudantes de 63 países.
Esta é uma das conclusões do VI relatório do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA), hoje divulgado, que se focou em perceber se os jovens têm as competências necessárias para viver num mundo interconectado e se os seus valores e atitudes garantem o respeito pelos outros.
O relatório "Estarão os jovens preparados para prosperar num mundo interligado?" analisou vários itens, entre os quais a vontade dos alunos de 15 anos em agir para o bem-estar coletivo e desenvolvimento sustentável.
Defender um colega cuja dignidade está a ser ameaçada, iniciar uma campanha na escola sobre questões ambientais, divulgar um ponto de vista pessoal sobre a crise dos refugiados nas redes sociais ou tomar medidas para evitar a propagação de um vírus fatal são algumas das ações sugeridas no relatório.
Os portugueses destacam-se ao surgirem num restrito grupo de estudantes de 12 países, por estarem entre os que mais sentem fazer parte da comunidade que os rodeia e por serem os mais responsáveis pelo bem-estar dessa mesma comunidade.
Além de Portugal, surgem os alunos de escolas na Albânia, Azerbaijão, Costa Rica, Jordânia, Coreia, Kosovo, Malta, Singapura, Espanha e Turquia.
"Esta dimensão concentra-se no papel dos jovens como membros ativos e responsáveis da sociedade e tenta perceber a sua prontidão para responder a uma determinada questão ou situação local, global ou intercultural", refere-se no relatório, com base em respostas dadas em 2018.
No entanto, quando analisado o número de ações que cada estudante fez pelo bem-estar coletivo e desenvolvimento sustentável, os valores são muito baixos. Portugal fica acima da média da OCDE, mas não ultrapassa as quatro ações por aluno. A Jordânia surge em primeiro lugar com uma média a rondar as 5,5 ações por estudante.
Segundo os investigadores, os alunos que desejam agir estão envolvidos na melhoria das condições de vida das suas comunidades e na "construção de um mundo mais justo, pacífico, inclusivo e ambientalmente sustentável".
Os estudantes mostraram-se mais propensos a relatar que agem em relação ao consumo de energia. A segunda atividade mais comum foi acompanhar eventos mundiais através das redes sociais.
Em Portugal, mais de 75% dos estudantes disse seguir eventos mundiais através das redes sociais.
Para perceber se os alunos estão preparados para viver num mundo que está interligado, o PISA definiu o critério de "competência global", e a vontade de agir foi um dos itens analisados.
O PISA avaliou ainda as competências globais necessárias para viver num mundo interconectado, tendo ainda em conta a capacidade de examinar questões de significância local, global e cultural.
A capacidade de compreender e apreciar as perspetivas e visões de mundo dos outros assim como a vontade de se envolver e conhecer outras culturas também foram analisadas.
Coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o PISA é a maior avaliação feita a alunos de 15 anos, que se realiza de três em três anos.
No PISA de 2018 participaram cerca de 600 mil estudantes de 79 países, mas o relatório hoje divulgado contou com a participação da comunidade escolar de 63 países.