Pai de aluna de professor decapitado e pregador islâmico acusados de cumplicidade
O pai de uma aluna de Samuel Paty e o pregador islâmico Abdelhakim Sefrioui foram acusados de "cumplicidade em assassinato terrorista" pela investigação à morte do professor francês decapitado, anunciou na quarta-feira a procuradoria antiterrorismo de França.
Outras cinco pessoas foram também formalmente acusadas, incluindo dois menores que terão identificado a vítima ao assassino, a troco de dinheiro, mas ficaram em liberdade sob custódia judicial.
Presos preventivamente ficaram dois amigos do agressor, identificados como Naim B. e Azim E., indiciados com a mesma acusação, além de uma terceira pessoa próxima, Yussuf C., que incorre num crime de "conspiração terrorista tendo em vista a execução de crimes contra pessoas".
Detido a aguardar pelo interrogatório sobre este crime encontra-se o pai da aluna, Brahim Chnina, que terá iniciado nas redes sociais uma campanha contra o professor e contra a decisão do docente de mostrar as caricaturas do profeta Maomé na sala de aula.
O professor de história francês Samuel Paty foi decapitado na semana passada, num atentado terrorista, ao ser alvo de uma vingança nas redes sociais por ter mostrado caricaturas de Maomé numa das suas aulas.
O ataque aconteceu na sexta-feira à tarde, junto de um colégio nos subúrbios da capital francesa, onde Samuel Paty, de 47 anos, lecionava as disciplinas de História e de Geografia.
O alegado autor do ataque, identificado como Abdullah Anzorov, um jovem de 18 anos de origem chechena, nascido na Rússia (Moscovo), foi abatido pela polícia.
Fonte da polícia, citada pela agência de notícias France-Press (AFP), explicou que a vítima terá exibido caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
Segundo fontes da investigação citadas pelo jornal francês Le Monde, um ou mais alunos terão fornecido a Abdullah Anzorov a identidade do professor em troca de algumas centenas de euros.
A par dos quatro estudantes detidos, outra pessoa, já referenciada por ligações a movimentos terroristas, apresentou-se voluntariamente às autoridades francesas por ter estado em contacto com o suspeito algum tempo antes do ataque.
Além das cinco pessoas já acusadas formalmente, pelo menos outras cinco permanecem sob custódia policial desde sexta-feira, principalmente familiares do alegado autor do ataque, nomeadamente os pais, o avô e um irmão mais novo, que foram detidos em Évreux, a cerca de 80 quilómetros do local onde aconteceu o ataque.