Falta “coragem” à União Europeia para recomendar a testagem à partida
Eduardo Jesus volta a criticar passividade de Bruxelas em ‘impor’ aquilo que faz toda a diferença
O secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, volta a criticar a passividade da União Europeia (UE) de nem sequer recomendar aos estados-membros a importância da testagem à Covid-19 aos viajantes antes de embarcarem.
Pese embora “o sucesso” da operação de rastreio montada nos aeroportos da Madeira e do Porto Santo, o governante lembra que esta é “a solução de recurso. Esta não é a solução que nós desejamos desde início. A testagem tem que ser feita na origem. Toda a gente já percebeu isso. A Europa demorou seis meses a perceber isso. A UE e a Comissão Europeia continuam a não querer saber disso, o que é lamentável, porque podiam ter uma orientação, nem que fosse uma recomendação - não querendo impor -, mas que fosse uma recomendação para que cada um dos países pudesse seguir. O que nós verificamos é que é o próprio mercado que está a induzir os países para essa decisão”, manifestou esta tarde ao DIÁRIO, à margem da cerimónia de entrega de Certificado Madeira Safe to Discover a duas empresas, uma de animação turística, outra de alojamento local.
O governante apontou o exemplo de aeroporto em Londres que também já optou por proporcionar a realização de testes (pagos) a quem vai viajar para que estes tenham a certeza que quando embarcam estão bem e não esqueceu o Dubai que foi pioneiro nos testes à partida há já largos meses, para concluir que “faltou aqui coragem da UE para essa recomendação, que tinha feito toda a diferença” manifestou.
A resposta de Eduardo Jesus surgiu ao ser confrontado com os 11 casos positivos de passageiros provenientes da Polónia, detectados esta segunda-feira no Aeroporto da Madeira.
Sobre este caso em particular não escondeu ser motivo de inquietação.
“Claro que nos preocupamos muito pelo facto de num só dia termos uma expressão tão elevada de casos positivos de um único país de origem”. Aproveitou para revelar que este episódio levou a Região a fazer “uma grande recomendação aos operadores que neste momento estão a fazer essa mesma operação, no sentido de sensibilizá-los para a necessidade de o mais possível testar as pessoas na origem e não deixar para a chegada”. Sobretudo pelo risco que tal acarreta porque ficam obrigados a passar as férias confinandos num quarto de hotel
“Uma pessoa que aterra aqui na Madeira faz o teste e no primeiro dia de férias sabe que está positivo e que vai estar confinado numa unidade para o efeito, restrito ao seu quarto e até que fique negativo, é a pior maneira de poder começar as férias”, avisa. Motivo para reforçar o apelo da testagem na origem, porque “não interessa de maneira nenhuma que as pessoas venham e não fiquem satisfeitas”, concretizou.