Manifestantes continuam nas ruas na Nigéria após noite com tiros e vários feridos
Os manifestantes anti-polícia da Nigéria permanecem esta quarta-feira nas ruas de Lagos, violando o recolher obrigatório decretado pelo Governo, após uma noite de violência em que foram disparados tiros contra os manifestantes, causando vários feridos.
Os tiros foram disparados na terça-feira à noite pelas forças armadas contra jovens manifestantes que montavam barricadas junto à praça Lekki, em Lagos, causando 25 feridos, segundo o governador do estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu.
Em Lagos, a maior cidade da Nigéria, com 14 milhões de habitantes, registaram-se tiroteios, incluindo na autoestrada para o aeroporto, numa grande estação de autocarros.
Também foram noticiadas ações de violência e tiroteios em várias outras cidades nigerianas, incluindo a capital, Abuja.
Os protestos a nível nacional contra a brutalidade policial abalaram a Nigéria durante mais de duas semanas e as reivindicações dos manifestantes alargaram-se ao fim da corrupção, a um governo responsável e ao respeito pelos direitos humanos na nação mais populosa de África, de 196 milhões de habitantes.
Apesar da enorme riqueza petrolífera e de ser uma das maiores economias africanas, o povo da Nigéria sofre de pobreza generalizada e falta de serviços básicos, como resultado da corrupção generalizada, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos.
O governador de Lagos confirmou hoje vários feridos neste tiroteio, não indicando os responsáveis pelos disparos.
"Esta é a noite mais dura das nossas vidas, uma vez que forças fora do nosso controlo direto se moveram para fazer notas sombrias na nossa história, mas vamos enfrentá-la e sair mais fortes", escreveu Babajide Sanwo-Olu, na rede social Twitter.
Antes, Sanwo-Olu tinha avisado que os protestos contra a brutalidade policial tinham "degenerado num monstro" que ameaça "o bem-estar da sociedade" nigeriana.
O Presidente Muhammadu Buhari permaneceu em silêncio sobre os protestos e a violência que assolam o país e que começaram há duas semanas após a circulação de um vídeo que mostrava um homem a ser espancado, aparentemente por agentes da polícia.