Élvio Jesus alerta para campanha agressiva das farmácias
Vacina da gripe deve ser aplicada nos centros de saúde e se houver vacina disponível, vacinação não deve ser adiada
A haver vacinas disponíveis não é aceitável que os centros de saúde protelem o acesso, defende Élvio Jesus, deputado e presidente da Comissão de Saúde e Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira, que alerta a população para um campanha agressiva de marketing que diz ter sido montada pelas farmácias e que chega a quem precisa da vacina e quem não tem necessidade de a fazer. Quem deve ser vacinado, aconselha, deve fazê-lo num centro de saúde, onde têm o acompanhamento adequado.
Numa reacção à manchete desta quarta-feira, que dá conta que à Região só chegaram cerca de 7 mil das 56 mil encomendadas pelo Governo e das dificuldades dos grupos de risco agendarem a vacinação, o também ex-representante da Ordem dos Enfermeiros na Madeira admite a dificuldade do Governo nesta matéria devido à racionalização na dispensa pelos países, o que acontece dada a grande procura internacional. Mas havendo, deve ser disponibilizada. “O racionamento até se compreende, agora se a dificuldade está na aplicação nos centros de saúde, isso já não se compreende”. E recordou que a Madeira é uma das Regiões do país com maior experiência em vacinação em massa, com coberturas das mais elevadas do país nesta área.
O enfermeiro de carreira explica que as vacinas devem ser administradas nos centros de saúde porque é onde é possível garantir a segurança do utente e acudir a eventuais complicações. “É lá que se houver qualquer complicação têm os meios de intervenção imediata e é lá que se procede a todo o acompanhamento epidemiológico de todo este fenómeno da gripe”. Lembrou ainda que quando um utente vai ao centro de saúde não vai fazer apenas a pica. O seu caso é acompanhado, avaliado e é orientado.
“Tudo isto é muito estranho porque nunca se assistiu a uma comercialização tão forte, com um marketing tão poderoso como este ano para pressionar as pessoas, mesmo não sendo aquelas dos grupos de risco, para comprar vacinas. O que não se justifica, de modo nenhum”, defendeu Élvio Jesus. Nota-se diz ainda, no continente e na Madeira “uma propaganda inadmissível à volta da vacinação nas farmácias, o que na Madeira não há justificação absolutamente nenhuma para que isso venha a acontecer.”
Recorda que os grupos que devem ser vacinados estão devidamente identificados, e que fora estes, apenas uma ou outra situação excepcional. Dá como exemplo pessoas que trabalham directamente com estrangeiros, em postos de trabalho que se possa confundir com a covid-19 e gerar dúvidas. "Pode haver uma situação ou outra, existirá por certo, com justificação, mas essas também podem ser aplicadas no centro de saúde, desde que estudada a situação", finalizou.
Tânia Cova , 21 Outubro 2020 - 07:00