Cabana do Jardim faz parte da Avenida Arriaga há mais de 40 anos
Nesta quarta-feira, conheça um pouco mais sobre a Cabana do Jardim, na rubrica 'Placa Central'
Junto ao Jardim Municipal do Funchal, a Cabana do Jardim acompanha a história e a evolução da Avenida há 44 anos
Começou por ser uma florista, depois foi deixada ao abandono. No final dos anos 70, Marina dos Anjos Teixeira resolveu dar uma nova vida àquela cabana.
A cabaninha estava fechada, tinha os vidros partidos, estava abandonada, eu olhava para ela e achava que dava um bom negócio. Marina Teixeira
Tinha 20 e poucos anos, era uma jovem sonhadora, e com muito esforço e trabalho Marina conseguiu transformar a “cabaninha” fechada numa casa de sucesso.
Marina relembra o quão diferente era a Avenida nos anos 70. Conta que a Avenida tinha duas vias e um estacionamento em cada lado, ao invés da praça de táxis, tinha uma paragem dos autocarros da SAM. O Hotel Voga deu lugar ao edifício Arriaga onde fica a Loja do Cidadão e na Rua Conselheiro José Silvestre até havia “algumas tasquinhas”. Diz que a única coisa que se mantém igual é o Jardim Municipal.
Quando abriu o seu negócio, Marina manteve a venda de flores, aos poucos foi inserindo um pouco de tudo - jornais, revistas, livros, depois apareceram os jogos, até a cabana ser o que é hoje - “uma casa de sucesso, mas muito trabalhosa, foi preciso trabalhar”.
Ao DIÁRIO, Marina contou que no início passou por momentos difíceis porque não entrava lá ninguém, mas com o tempo foi conquistando os seus clientes e ‘fazendo a sua casa’.
Hoje diz adorar o trabalho que tem: “É um trabalho que dá gosto, eu adoro o convívio com as pessoas, não me importa aquilo que são, trato-os todos da mesma forma, porque à noite quando faço a caixa o dinheiro que lá está não tem nome, por isso eu trato-os todos bem, com simpatia e é assim que vou ser recordada”.
Recorda um dos momentos mais marcantes, quando o antigo Presidente da República, Mário Soares, veio ao Teatro Baltazar Dias para um comício.
Ele não foi nada bem recebido, começaram a atirar-lhe coisas, entretanto a polícia chegou e eu fechei a cabana a correr, deitei-me atrás do balcão e escondi-me com medo, só quando estava tudo em silencio é que me levantei. Marina Teixeira
Actualmente com 66 anos, Marina dos Anjos diz ser uma mulher realizada. Criou os seus dois filhos na Cabana do Jardim, foi lá que um deles aprendeu o gosto pelas contas: “Com quatro aninhos colocava-se em cima de uma caixa para chegar ao balcão, vendia algumas coisas e ia fazendo trocos, hoje em dia é economista, é um gestor!”.
Marina tem um carinho especial pela Avenida onde trabalha há mais de 40 anos: “A Avenida é muito importante para mim, foi aqui que eu criei os meus filhos e foi aqui o meu começo de vida”