Satisfazer os idosos na "lógica do cliente"
João Vasconcelos e Sá é engenheiro e director da Dilectus, a única Residência Assistida existente na Região. Um conceito ‘premium’ de institucionalização, que tem na base “uma lógica de cliente”, em alternativa a uma “lógica de utente”.
“Comecei o modelo dilectus de uma forma invertida”, explica o responsável, “em vez de pensarmos o que é que queríamos fazer para satisfazer as necessidades das pessoas, pensamos no que é que as pessoas precisam para fazermos algo à medida delas” Isto é, “criar ferramentas para servir as necessidades da população em geral”.
Na Dilectus, diz, “tenho lá pessoas que tomam banho de piscina, que bebem uísque, fumam, mas também têm reabilitação”.
Na sua perspectiva, melhor do que permanecer “numa salada russa de modelos, leis, portarias, etc.” é criar um modelo “eficaz” e “depois legislar a montante”.
“Não é inventar nada, é reinventar o puzzle”.
O engenheiro garante que “o Governo Regional está receptivo, consciente e motivado” e, revela que inclusive que a sua empresa se associou à Comissão de Saúde e Assuntos Sociais para “delinear” um modelo funcional.
A posição mereceu algumas críticas da plateia, por parte de pessoas como Nélida Aguiar (membro da direcção nacional da Associação Nacional de Cuidadores Informais), que lembra que “esta definição menos utópica de idade de ouro que não chega a todos”.
Já a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Machico, Nélia Martins frisou que “a maior parte das pessoas chega à velhice com uma pensão de 300 euros, não vai para lares estilo ‘casas de chá’”.
Ainda, assim, João Vasconcelos e Sá questiona “porque é que um privado com fins lucrativos não pode ser visto como uma resposta igual às IPSS?” e dá como exemplo “o caso de pessoas humildes que venderam a casa para ir viver para uma residência assistida na dilectus”.
Recorde-se que as conferências ‘Pensar o Futuro’ regressaram, esta terça-feira, dia 20 de Outubro, para debater o tema: ‘3.ª Idade ou Golden Age - Modelos e Soluções de Futuro’. O evento organizado pelo DIÁRIO, com o apoio da NOS Madeira, Socicorreia e Santander Totta, realiza-se no Hotel Savoy Palace. O debate teve com cinco oradores convidados: João Vasconcelos e Sá, engenheiro e director da Dilectus; Eduardo Lemos, director da Casa de Saúde São João de Deus; Clara Araújo, médica; Luís Filipe Fernandes, psiquiatra; e Sofia Canha, deputada e pertencente à 5.ª Comissão de Saúde e Assuntos Sociais. A moderação coube ao director do DIÁRIO, Ricardo Miguel Oliveira.