Prevenir de acordo com o género
Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências alerta para aumento do consumo de álcool nas mulheres entre os 40 e 55 anos
O psicólogo e director da UCAD - Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências) do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE) diz que os resultados apresentados no Inquérito Nacional da Saúde, revelados ontem pela Direcção Regional de Estatística e hoje em notícia principal do DIÁRIO, são “óptimos” e vão ao encontro das tendências reveladas pelos estudos nesta área, mas que relativamente ao consumo de álcool, tem vindo a aumentar nas mulheres, e defende por isso um trabalho focado neste público-alvo.
O consumo de álcool tem vindo a aumentar sobretudo na faixa entre os 40 e 55 anos, onde o consumo já é superior aos homens, disseram os dados revelados anteriormente no ‘Inquérito Nacional ao Consumo de Sustâncias Psicoactivas na População Geral, Portugal 2016/2017’, publicado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, um aumento que surpreendeu a equipa. Ao contrário, na população jovem, onde também tem subido, “as coisas estão mais ou menos equilibradas” em termos de sexo, comparou. A UCAD está atenta. Nelson Carvalho acredita que cada vez mais faz sentido “fazer prevenção de acordo com o género”, há evidências científicas que o provam, diz o responsável. “É uma área que temos de continuar a insistir.”
O recuo no consumo do tabaco é outro dado importante noticiado pelo Inquérito ontem publicado, acredita que é resultado do trabalho que tem sido feito em termos preventivos e também devido à Lei do Tabaco, que impôs medidas mais restritivas. “A própria população já vê o tabaco de uma forma mais negativa, para nós também é importante”.
Par o psicólogo, os resultados agora conseguidos devem-se ao envolvimento de toda a comunidade, desde os profissionais de saúde e parceiros às famílias, passando pela comunicação social. Há maior sensibilidade para o problema e mais preocupação com a saúde, diz. “Os madeirenses começam a investir cada vez mais na sua prevenção e são agentes educativos, o que é muito importante”.
A equipa da UCAD é a maior a nível nacional em termos de prevenção, destaca o psicólogo, revelando que são 15 elementos das áreas da psicologia, enfermagem, educação física, psicopedagogia, sociologia e também na área sociocultural.
Na área dos comportamentos aditivos, interessa muito à UCAD as dependências da utilização problemática da Internet, nomeadamente o jogo online e offline. “São áreas que a UCAD tem andado a trabalhar, a investir, porque são emergentes e que aos poucos estão a aumentar e a dar problemas. É uma área muito interessante e prioritária para nós”, revelou.
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Cátia Teles , 20 Outubro 2020 - 07:00