"Beirão de nascimento, mas madeirense de coração"
Na rubrica 'Placa Central' desta terça-feira, o DIÁRIO traz-lhe a história de um aposentado da Marinha
Manuel Silveiro tem 67 anos e foi na ilha da Madeira que encontrou o seu porto seguro.
Manuel Silveiro entrou para a Marinha Portuguesa aos 22 anos e logo rumou até ao Extremo Oriente.
Passou 36 anos na Marinha e viveu uma vida militar intensa, esteve embarcado durante largos anos, conheceu diferentes países e culturas, vivenciou a guerra e protegeu a sua pátria.
Ao DIÁRIO, Manuel contou que o que mais lhe marcou na vida militar foi o período que passou em Timor: "O que mais me tocou o coração foi a invasão de Timor. Eram três da manhã, vimo-los a invadir e o povo corria para botes, tenho a impressão que alguns nem fundo tinham".
Conta que a Marinha protegeu o povo, recolheu-os, deu-lhes abrigo e deixou-os em bom porto, na Austrália principalmente, porque foi quem lhes abriu a 'porta'.
Víamos crianças esfomeadas a pedir ajuda, nós recolhíamos as pessoas para o navio e deixávamo-las na Austrália, o nosso trabalho era esse, proteger o povo. Manuel Silveiro, aposentado da Marinha.
Manuel esteve na capitania do Funchal e depois passou para a reserva. Conheceu a sua esposa e fez vida na Madeira, hoje diz ser "Beirão de nascimento, mas madeirense de coração, porque aqui é que tenho a minha vida formada".
Com orgulho da terra que o acolheu diz que não há nada que não se goste na Madeira
Desde o clima, as pessoas, a gastronomia, a cultura, tudo, não há nada que não se goste Manuel Silveiro
Actualmente vive dias mais tranquilos, "sem grandes contratempos, agora é só aproveitar a vida". Sentado num dos bancos da Placa Central enquanto esperava pela sua esposa, Manuel disse entre risos fazer o seu dever de marido, todos os dias deixa a sua esposa no trabalho e mais tarde vai buscá-la, enquanto espera observa a movimentada Avenida Arriaga, que lamenta estar tão parada.
Manuel Silveiro espera por tempos melhores e anseia voltar a ver o Porto do Funchal cheio novamente.