Governo estima queda de 50% a 60% da receita turística em 2020
A secretária de Estado do Turismo disse à Lusa estimar uma queda de 50% a 60% da receita turística em 2020, devido à pandemia de covid-19, depois de 2019 ter fechado com receitas de 18 mil milhões de euros.
"No cômputo geral, estimamos fechar o ano com uma queda de receita turística na ordem dos 50% a 60%", adiantou Rita Marques, em entrevista à agência Lusa.
A secretária de Estado lembrou, ainda, que o ano de 2019 fechou com cerca de 18 mil milhões de euros de receita turística.
"Este ano vamos ficar bastante aquém", acrescentou Rita Marques, sublinhando, porém, que estes resultados estão em linha com a generalidade dos países que têm um padrão de comportamento idêntico ao de Portugal, no que diz respeito à atividade turística.
Questionada sobre a recuperação, a governante lembrou que a Organização Mundial do Turismo (OMT) aponta para uma aceleração da atividade turística a partir do segundo trimestre de 2021.
"Penso que temos condições para no ano de 2021, 2022 termos os números não de 2017, 18 e 19, mas de 2016, que foi um ano positivo, mas não foi um ano extraordinário", apontou, manifestando ainda a sua convicção de que sem o turismo, não haverá recuperação económica no país.
Quanto ao futuro do turismo em Portugal, Rita Marques destacou a expansão do setor a todo o território nacional, o fim da sazonalidade, com turismo durante todo o ano, e a diversificação de mercados emissores como os três principais desafios.
Rita Marques lembrou ainda que as taxas de ocupação hoteleira nos territórios de baixa densidade turística foram já este ano superiores às de 2019.
"Nós tivemos valores em muitas regiões do território superiores, em termos de taxas de ocupação - estou a falar designadamente da hotelaria, neste caso -- superiores àquelas verificadas em 2019", afirmou.
Apesar de não haver ainda dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o fecho dos meses do verão, Rita Marques explicou que as informações recolhidas junto dos operadores económicos, das associações e das entidades regionais de turismo dão conta de um aumento das taxas de ocupação hoteleira nos chamados territórios de baixa densidade turística.
"Isto aconteceu basicamente em todo o país, junto à Raia, junto ao interior, nos chamados territórios de baixa densidade, que hoje já são territórios de alta intensidade turística, o que é positivo", acrescentou.
A secretária de Estado lembrou também os esforços que vinham a ser feitos nos últimos dois anos no sentido de apoiar a requalificação do produto turístico nas regiões do interior do país, nomeadamente através do Programa Valorizar.
Desta forma, Rita Marques considerou que o país estava preparado para uma procura por este tipo de serviços, "que foi muito evidente no ano de 2020", dada a conjuntura.
Quanto aos resultados do turismo em agosto, a secretária de Estado admitiu não serem "felizes", como consequência da pandemia de covid-19, ainda assim melhores do que o esperado.
"Estamos todos de parabéns enquanto portugueses, somos solidários e respondemos a este repto do nosso setor do turismo, fizemos férias cá dentro, ainda assim os resultados não são felizes, mas são melhores do que tínhamos esperado", apontou.
A governante disse ainda acreditar que os portugueses vão continuar a privilegiar o mercado nacional, mesmo depois da pandemia. É uma "tendência que vai ficar", reforçou.
Segundo dados do INE, divulgados na quinta-feira, os hóspedes em alojamento turístico terão recuado 43,2% e as dormidas terão diminuído 47,2% em agosto face ao mês homólogo do ano passado, sinalizando a manutenção da "recuperação" do setor.
Segundo a estimativa rápida do INE para a atividade turística, em agosto, o setor do alojamento turístico (hotelaria, alojamento local com 10 ou mais camas e turismo no espaço rural/de habitação) deverá ter registado 1,9 milhões de hóspedes e 5,1 milhões de dormidas, o que corresponde a quedas de 43,2% e 47,2%, respetivamente.
Em julho, os hóspedes em alojamento turístico tinham caído 64% em termos homólogos e as dormidas 68,1%.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.
Segundo estimativas da OMT, o turismo internacional teve quebras na receita de 395 mil milhões de euros no primeiro semestre e o número de turistas internacionais caiu 65%, devido à pandemia de covid-19 e consequente encerramento de fronteiras e restrições nas viagens para conter a propagação da doença.