Alemanha investiga outro fórum 'online' envolvendo polícias e conteúdos racistas
As autoridades alemãs estão a investigar um novo fórum de conversa 'online' com conteúdos e expressões racistas que foi presumivelmente partilhado por 25 agentes policiais, divulgou ontem a comunicação social germânica.
Esta investigação surge após 29 polícias alemães terem sido suspensos, em setembro, sob a acusação de partilharem símbolos nazis em fóruns 'online'.
Segundo avançou hoje a televisão pública alemã ARD, a nova investigação em curso visa um fórum 'online' entre polícias de Berlim, no qual os muçulmanos são caracterizados como "primatas fanáticos" e os refugiados como "violadores" e "ratos".
Um grupo de 25 agentes terá participado neste fórum 'online', dos quais sete eram os elementos mais ativos na partilha de conteúdos e piadas racistas ou neonazis.
Os restantes participantes comentavam os conteúdos.
Andreas Geisel, responsável pela tutela da pasta do Interior no executivo regional de Berlim, declarou, entretanto, estar chocado com esta nova situação, que, caso se confirmem as suspeitas, é "absolutamente inaceitável".
O aumento de militantes da ideologia de extrema-direita constitui uma preocupação crescente para as autoridades da Alemanha e, recentemente, um outro caso envolvendo agentes policiais e a partilha 'online' de conteúdos racistas e xenófobos desencadeou um debate no país sobre a necessidade de investigar de forma pormenorizada este tipo de conduta entre as forças policiais.
O Ministro do Interior alemão, o conservador Horst Seehofer, tem rejeitado tal possibilidade, defendendo que os comportamentos ou tendências racistas na sociedade alemã devem ser analisados como um todo, ou seja, no seu conjunto.
Horst Seehofer argumenta que uma análise centrada apenas no alegado racismo estrutural na polícia alemã poderia minar a credibilidade da organização, numa altura em que esta está especialmente sobrecarregada, devido em parte às situações de segurança criadas e relacionadas com a atual pandemia da doença covid-19.
O debate sobre a necessidade de analisar e investigar este tipo de conduta foi desencadeado depois da suspensão de 29 agentes da polícia do estado federado da Renânia do Norte-Vestefália (oeste da Alemanha) por terem partilhado, em vários 'chats' 'online', fotografias do líder nazi Adolf Hitler, de cruzes suásticas e imagens com montagem que colocavam refugiados no interior de câmaras de gás.
As autoridades da Renânia do Norte-Vestefália descreveram a existência destas plataformas como uma "vergonha policial", afirmando, na mesma ocasião, que estas situações já não podem ser consideradas como "casos isolados".