Reino Unido estuda uso de testes privados para reduzir quarentena
O Reino Unido admite permitir o uso de testes de diagnóstico privados para reduzir a necessidade de quarentena imposta aos viajantes que chegam do estrangeiro devido à pandemia de covid-19, revelou hoje o ministro dos Transportes britânico.
Num discurso intitulado "Para além da crise" durante a conferência "Airlines 2050" sobre o setor da aviação, o ministro Grant Shapps disse que está a ser desenhado em conjunto com as transportadoras um sistema de teste "fornecido pelo setor privado e às custas do passageiro após um período de autoisolamento".
Os passageiros terão na mesma de ficar em quarentena à chegada ao Reino Unido, mas poderão fazer um teste após uma semana e, se o resultado for negativo, sair da quarentena sem ter de cumprir os 14 dias até agora exigidos.
Este sistema, que não tem uma data prevista para começar a funcionar, está a ser estudado num grupo de trabalho criado na semana passada que Shapps chefia juntamente com o ministro da Saúde, Matt Hancock.
O objetivo é "encontrar soluções que implementem tudo com segurança e eficácia" e facilitar as viagens internacionais, atualmente limitadas devido às restrições impostas por vários países.
"Temos trabalhado intensivamente com especialistas em saúde e com o setor privado de testes sobre os aspetos práticos desse regime", adiantou Shapps, que identificou como condição não afetar os serviços de saúde e a capacidade de testagem do sistema público.
Além deste sistema, Shapps referiu estar a ser estudado em conjunto com países parceiros a possibilidade de a quarentena poder ocorrer antes da partida, mas o novo presidente executivo da companhia aérea British Airways, Sean Doyle, pediu simplesmente o fim da quarentena e a introdução de testes nos aeroportos.
"Acreditamos que a melhor maneira de dar confiança as pessoas é introduzir um teste confiável e de preço acessível antes de voar. Para o Reino Unido, esta abordagem reduziria a pressão nos sistemas de teste do NHS [serviço de saúde público] no Reino Unido e no policiamento do sistema de quarentena", argumentou numa intervenção na mesma conferência.
Vários outros países têm experiências para contornar a situação, incluindo a Alemanha, onde uma empresa de diagnósticos propõe testes no aeroporto internacional de Frankfurt para pessoas não sintomáticas por 59 euros para um resultado em 12 horas e 139 euros em seis horas, cobrando mais 25 euros por um atestado médico que ajude a evitar a quarentena.
Outro projeto em ensaios é o CommonPass, um passe de saúde digital que permite aos viajantes documentar com segurança a conformidade com os requisitos de teste covid-19 através de um código QR nos seus telefones ou em papel, contornando as dúvidas sobre a fiabilidade dos laboratórios ou resultados em diferentes idiomas.
O presidente da British Airways receia que, "mesmo que o período de quarentena seja reduzido para sete dias, as pessoas não vão viajar para cá e o Reino Unido vai ficar para trás".
O setor da aviação foi um dos mais afetados pelas restrições impostas por diversos países às viagens internacionais, resultando na redução do número de voos e no despedimento de milhares de trabalhadores.
O Reino Unido introduziu a necessidade de quarentena por 14 dias a todas as pessoas que cheguem do estrangeiro ao Reino Unido em 08 de junho para evitar a importação de infeções com covid-19, mas um mês depois isentou cerca de 70 países e territórios, criando "corredores de viagem internacionais".
Entretanto, devido à segunda vaga da pandemia covid-19, muitos destes destinos foram de novo considerados de risco, incluindo Portugal, que só esteve na lista de países seguros durante três semanas.
No sábado, Itália, Vaticano e São Marino perderam o estatuto de "corredor de viagem", o qual foi atribuído de novo à ilha grega de Creta.
Um refinamento da análise dos dados permitiu a introdução de "corredores de viagem regionais", que permite avaliar ilhas separadamente dos territórios continentais, beneficiando a Madeira e Açores, arquipélagos que estão isentos de quarentena na chegada ao Reino Unido.
O Reino Unido é o país europeu e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, Índia e México, com o maior número de mortes de covid-19, tendo contabilizado 43.646 oficialmente e 57.690 cujas certidões de óbito fazem referência ao novo coronavírus como fator contributivo.