UE condena "fortemente" ataques "independentemente da origem" em Nagorno-Karabakh
Violação de trégua humanitária mereceu declarações de condenação do chefe da diplomacia europeia
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, lamentou a violação da trégua humanitária entre o Azerbaijão e a Arménia no conflito sobre Nagorno-Karabakh, condenando os "ataques, qualquer que seja a sua origem".
"A União Europeia lamenta que, infelizmente, as violações continuem, com combates que foram registados dentro e ao redor de Nagorno-Karabakh. Isso implica mais sofrimento para os civis", avançou o alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
Em comunicado, Josep Borrell disse que "a União Europeia condena veementemente todos esses ataques, qualquer que seja a sua origem".
O chefe da diplomacia europeia referiu ainda que esteve domingo em contacto com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Arménia e do Azerbaijão "para fazê-los entender que o cessar-fogo deve ser incondicional e estritamente respeitado por ambas as partes".
"Também reforcei que os ataques a civis deveriam parar imediatamente. Eles não podem ser justificados", declarou Josep Borrell.
No sábado, os dois países anunciaram uma "trégua humanitária", a partir das 00:00 horas deste domingo, no conflito sobre Nagorno-Karabakh, de acordo com informação avançada pelos Ministérios das Negócios Estrangeiros dos dois países.
Horas depois da entrada em vigor da "trégua humanitária" verificaram-se combates e Azerbaijão e Arménia trocaram acusações sobre a violação do novo acordo de cessar-fogo, uma semana depois de um primeiro cessar-fogo anunciado mas nunca respeitado.
Nagorno-Karabakh pertence ao Azerbaijão, mas está sob o controlo de forças étnicas apoiadas pela Arménia, alimentando um conflito que dura há várias décadas e que entrou em escalada no passado dia 27 de setembro.
Nas últimas semanas o conflito já causou a morte a mais de 700 pessoas, segundo relatos, e a Turquia, principal aliado de Baku, é acusada de interferir naquele conflito.
Na madrugada de sábado, pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas após um ataque com mísseis a uma zona residencial em Ganja, a segunda maior cidade do Azerbaijão, informaram as autoridades.
Em 11 de outubro, Ganja já tinha sido atingida por um míssil, que matou 10 pessoas e fez mais de 30 feridos.
A cidade tem mais de 300 mil habitantes e situa-se a cerca de 300 quilómetros a oeste de Baku, a capital do Azerbaijão.
O novo surto de violência mina os esforços internacionais para acalmar as hostilidades entre os arménios cristãos e os azeris muçulmanos, envolvendo potências regionais como a Rússia e a Turquia.
Na sexta-feira, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper, e a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, reforçaram a necessidade de um cessar-fogo imediato na região de Nagorno-Karabakh, onde decorrem combates entre soldados do Azerbaijão e separatistas arménios.
Mark Esper e Florence Parly concordaram, durante uma conversa telefónica, que "os líderes da Arménia e do Azerbaijão devem honrar as suas promessas de um cessar-fogo imediato na região de Nagorno-Karabakh e uma solução pacífica", divulgou o Pentágono, em comunicado.
Os Estados Unidos e a França são mediadores junto dos países envolvidos no conflito desde 1994, a par da Rússia, naquele que é denominado o grupo de Minsk.