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Tsunami à vista

A 2.ª vaga está aí. Cabe a cada um de nós a responsabilidade de adotarmos comportamentos que nos permitam manter a maior segurança no nosso cantinho do céu

Paulatinamente aumenta o número de pessoas contaminadas com a COVID-19 na nossa Região. A 15 de outubro, o Governo Regional dava conta que existiam 108 casos ativos na Madeira. Ontem, dia 17 de outubro, a Direção-Geral de Saúde dava já conta da existência de 140 casos.

Se fizermos uma análise pelos concelhos da Região, verificamos que em todos eles já existem casos ativos. O concelho do Funchal é o recordista. Das 140 pessoas contaminadas neste momento, 121 delas vivem no Funchal, o concelho com mais população.

Com 140 casos ativos, com casos em todos os concelhos e o registo de 121 casos no concelho do Funchal, é muito provável que já exista contaminação local.

Estas informações não nos devem fazer entrar em pânico, mas devem alertar-nos para estarmos mais atentos e conscientes das medidas que temos de tomar. O descuido pode ser a morte do artista.

Infelizmente, neste momento, grande parte da nossa população está a relativizar toda a problemática da contaminação da COVID-19. Passou a ser normal toda esta situação e os cuidados que tinham em março foram agora esquecidos. Lembrem-se que por muito menos, fechamos a nossa economia, e lembrem-se dos efeitos do fecho da economia nas empresas e no emprego.

Compreendo que em espaços abertos, sem grandes aglomerados de pessoas se retire a máscara para respirar melhor. Mas já não compreendo tal comportamento nem em locais de maior aglomeração de pessoas, nem em lugares fechados, onde muitas vezes se finge que se usa a máscara, deixando o nariz de fora. Ou que, para espirrar se afaste a máscara. Ou que, para falar com outras pessoas se afaste a máscara. Não são só os idosos com este comportamento. Tenho visto também muitos jovens. E só tenho uma palavra para os classificar – IRRESPONSÁVEIS!

Irresponsável e tenho de classificar também de nojento o comportamento daqueles que afastam a máscara para expetorar para o chão, ou pior ainda, para expetorar para uma levada com água corrente. Afinal, algumas pessoas ainda vivem na época do paleolítico.

Pelo possível risco de contaminação local e a bem de todos os utentes dos transportes públicos, não posso deixar de pronunciar-me sobre o que se passa nos transportes oferecidos pelos Horários do Funchal. Desconheço o que se passa nos transportes interurbanos, mas que sirva este artigo para o alerta e efetiva tomada de medidas de proteção de todos os utentes dos transportes públicos.

Recentemente a empresa Horários do Funchal procedeu a alterações no horário dos autocarros disponibilizados à população com o objetivo de rentabilizar financeiramente as carreiras existentes. Porventura deixaram os Horários de Funchal de receber a comparticipação financeira do Governo Regional do restante montante que no passado pagávamos no passe social? Não se compreende estas alterações em determinados horários, uma vez que com as alterações efetuadas as carreiras disponibilizadas passaram a estar sobrelotadas. É preciso lembrar que estamos em plena pandemia? Desejam incentivar as pessoas a utilizar viatura própria? Ainda não perceberam que existem pessoas que não têm condições para terem viatura própria? E é assim que querem fomentar a utilização de transportes públicos para reduzir a poluição e termos um ambiente mais sustentável?

Inconcebível é que os utentes tenham de estar dependentes da responsabilidade moral do motorista que conduz para o cumprimento das regras de utilização de máscara. Há uns que exigem o uso correto das máscaras e outros que tanto se lhes dá. Afinal, para quê se chatear?

É verdade que há uns chico-espertos, que de esperteza não têm nada, grandes irresponsáveis, que para ludibriar o motorista, durante a viagem, afastam a máscara do nariz. Mas como incentivar a população a exigir o cumprimento de regras de segurança, se o revisor quando verifica a validade dos títulos de transporte passa pelas pessoas e nada diz?

A 2.ª vaga está aí. Cabe a cada um de nós a responsabilidade de adotarmos comportamentos que nos permitam manter a maior segurança no nosso cantinho do céu. As notícias que nos chegam da Europa não são nada animadoras. Não somos imunes à doença e dependemos de muitos desses países para recuperarmos o nosso turismo. Quanto mais responsáveis formos e menos casos existirem, mais hipóteses teremos de recuperar mais rapidamente.

Arrepio-me só de pensar no que será o nosso Natal quer quanto à evolução epidemiológica, quer quanto ao possível aumento do desemprego. O nosso futuro depende de cada um de nós. O tsunami está à vista. Responsabilidade coletiva exige-se para não morremos nem da Covid-19, nem de fome.

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