Papa aceita demissão de bispo polaco acusado de encobrir abusos sexuais
O papa Francisco aceitou a demissão do bispo da diocese polaca de Kalisz (centro), Edward Janiak, acusado de ter encoberto casos de pedofilia no país, noticia hoje a agência Efe.
Para o seu lugar, o sumo pontífice nomeou como administrador desta diocese, em "sede vacante", de forma provisória, Grzegorz Rys, o arcebispo de Lodz.
Janiak, 68 anos, deixa o bispado sete anos antes do previsto no Código de Direito Canónico, num momento em que está no centro de um caso que alega o seu encobrimento de abuso sexual de menores.
A controvérsia foi reavivada recentemente após a emissão do documentário "Zabawa w Chowanego" ("Jogo de Escondidas"), que alega que o bispo teve conhecimento dos casos de pedofilia na Polónia, país onde o catolicismo tem forte influência.
O filme, realizado pelos irmãos Marek e Tomasz Sekielski e que está disponível na plataforma de partilha de vídeos Youtube, com milhões de visualizações, levou a Conferência Episcopal Polaca a pedir ao Vaticano para investigar as alegações na Polónia.
O documentário refere-se em detalhe à história de dois irmãos, vítimas de abusos sexuais cometidos por um padre que beneficiava da proteção tácita, mas evidente, de Edward Janiak.
O anterior documentário de Tomasz Sekielski, intitulado "Não digas a ninguém", divulgado há um ano, foi visto 23,9 milhões de vezes no YouTube.
Na ocasião, provocou um choque e reação ao mais alto nível da hierarquia eclesiástica e do poder, mas de seguida o tema quase desapareceu do espaço público.
Mas, em outubro, um tribunal polaco associou a "tortura" os atos de pedofilia perpetrados na década de 1980 por um padre católico, implicando a sua prescrição, uma decisão sem precedentes na Polónia.
Os dois filmes de Sekielski questionam a responsabilidade da hierarquia católica, mas sem abordarem a ausência de reação durante o pontificado do papa João Paulo II, que continua a ser venerado na Polónia.
No entanto, Tomasz Sekielski já anunciou um próximo documentário sobre "o papel de João Paulo II na dissimulação dos crimes perpetrados por padres".