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Diversificar para sobreviver

A história não se repete, mas há – claramente – ciclos de crescimento seguidos de ciclos de recessão. E se há alguma coisa que é certa, é que nunca é saudável para uma região, ou um país, apostar numa monocultura.

Aliás, a história da Madeira está cheia de exemplos disto: monocultura do açucar, seguida de quebra, emigração, desenvolvimento de novas opções, especialização, monocultura, vinho Madeira, quebra, emigração, desenvolvimento de novas opções, especialização, monocultura do turismo.

Seria de esperar que, depois de vários eventos semelhantes ao longo dos séculos, os madeirenses teriam aprendido… Mas parece que não. E parece que não porque mesmo depois de vários eventos semelhantes ao longo dos séculos, se continua a investir (apostar?) em monoculturas.

Depois de anos de avisos de várias empresas que desenvolveram estudos de marketing para a Madeira em que recomendavam que se optasse por um turismo de pequena dimensão e de elevado proveito, as autoridades tomaram a opção oposta. Decidiram que bom mesmo era construir, construir e construir, montar um novo aeroporto, e “viver” de um turismo de margens extremamente curtas sem ter a dimensão adequada para isso.

Consequência dessa série de decisões erradas, tomadas a parir de meados dos anos setenta, mas ainda evidentes hoje em dia, vivemos na monocultura do turismo. Toda a aposta da administração regional foi num turismo de massas em pequena escala, com muito pouco valor acrescentado.

Uma gestão cuidadosa da “coisa” pública deveria necessariamente ter passado por uma diversificação, tão grande quanto possível, que não fizesse o bem-estar de tanta gente depender de um único sector, principalmente tratando-se de um sector sensível, como o turismo.

Haveria que ter investido mais em formação, na economia do mar, nas telecomunicações e, especialmente, nas ligações marítimas. Isto permitiria transportes marítimos mais competitivos e mais baratos, permitindo alguma industrialização, nomeadamente de pequenos produtos com grande valor acrescentado. E os impostos mais baixos que aqui existiam até que as aventuras da administração regional o puseram em causa, permitiriam ganhar alguma competitividade nos mercados nacional e europeu.

Agora vivemos uma situação em que uma grande parcela da população vive de apoios temporários. E ninguém sabe ainda quando o turismo vai recuperar – havendo mesmo muitos que tenham dúvidas sérias de que alguma vez voltará a ser como foi (mesmo com todos os defeitos e limitação consequentes da escolha do público errado…).

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