Partilha e responsabilidade
O paradigma futuro será certamente mais intrusivo e responsável
Em Julho de 2019, António Costa Silva escreveu, no jornal “Público”, um artigo com o título: Inteligência Artificial, 5G e geopolítica, onde afirmava que “A era dos dados pode não só revitalizar a economia como reinventá-la.” E ainda “A resposta certa é a que deu o Presidente Kennedy no fim dos anos 60 respondendo ao Sputnik com mais ciência, mais investigação, mais tecnologia e com instituições como a NASA”
Ora, qualquer delas ilustram bem o sentimento dos que acreditam que só com investimento bem orientado e organizado se triunfará neste futuro incerto, mas que nos catapultará para um mundo melhor, mais intrusivo, mais solidário, mais ecológico, mais livre, mais responsável, mais exigente e menos egoísta, menos imediatista, menos facilitista, menos atribulado e com menos correrias desenfreadas; Enfim… numa palavra, um mundo mais equilibrado!
Este será certamente o objetivo de toda a humanidade!
A Dificuldade será como atingi-lo? Julgo que com ponderação e equilíbrio entre o Dever de cada um e a Responsabilidade de quem nos governa.
Sabemos que nada será como antes desta pandemia. Esta não é, seguramente, uma frase feita. É uma realidade que tem de ser interiorizada e sentida por todos nós.
Não poderemos continuar a desperdiçar o nosso tempo em filas de espera, sentados nas nossas viaturas, ou em transportes públicos, mesmo que aproveitando para ler um bom livro ou ouvir uma boa música, já que isso implica, naturalmente, um excesso de poluentes que condicionarão o futuro do nosso planeta.
Nossos descendentes merecem um futuro melhor e só o conseguiremos com um comportamento de que eles se orgulhem. Reparem que eles estarão mais atentos e mais críticos a tudo o que fizermos, já que, como é sabido, eles absorvem tudo o que lhes passa pelos olhos e ouvidos. Não tenhamos qualquer dúvida.
O paradigma futuro será certamente mais intrusivo e responsável.
Teremos de contribuir com os nossos pequenos gestos para que este paradigma nos catapulte para uma situação em que todos tenhamos emprego e saúde suficiente para empurrarmos a nossa esperança de vida para os 100 anos. Dirão, mas para quê? Pois, em meu entender, isto representaria não 35 anos de “reforma”, mas sim 35 anos de proatividade, com a sabedoria da vida vivida, com plenitude de ações e atitudes que poderemos organizar, fazendo crescer o nosso PIB e não o prejudicando, como hoje acontece.
Há um tempo para darmos o nosso melhor à sociedade e outro em que a ajudaremos a criar riqueza, quer com a continuidade da nossa atividade, ou no aconselhamento perspicaz daqueles que dela precisem. Não necessitaremos de passar o dia jogando às cartas num qualquer jardim público, desde que se saiba organizar e reorientar num movimento solidário, não remunerado, mas útil e necessário à sociedade em que estamos integrados. Haverá sempre tarefas a distribuir por todos aqueles que forem ainda capazes, quer física, quer mentalmente de os executar. O ócio será o pior dos inimigos duma boa saúde. Reparem que estou a dirigir-me a todos aqueles que estando a usufruir duma pensão (porque atingiram uma determinada idade) estão naturalmente a ser pagos por todos os que continuam no ativo e pelos próprios já que estes continuam a contribuir, direta ou indiretamente através dos impostos. Não esqueçamos que só por via do IVA, que todos pagamos em tudo o que compramos, estamos todos (mesmo os isentos de IRS) a contribuir para o todo que o estado recebe; que depois distribui, no orçamento do Estado.
Estão agora a achar que sou um lírico e um ingénuo. Poderei sê-lo, até admito, mas não me coíbo de expressar o que penso e que gostaria de ver executado na nossa sociedade. Este meu texto - e a sua publicação no Diário de Notícias - é um pequeno contributo, gratuito, despretensioso, honesto e sincero, que presto à sociedade. Como eu, outros o farão. Outros, ainda, dirão que “o que ele quer é protagonismo”. Não, confesso que o que pretendo é apenas e só contribuir, como sempre o fiz, para que aquilo que recebo fique menos onerado à sociedade em que me integro.
Hão de reparar que em todos os meus artigos que o Diário de Notícias publicou (e são já 9) sempre manifestei o meu pensamento numa perspetiva social, integrada numa sociedade solidária. É meu entender que, só assim, se conseguirá atingir o ideal da sociedade que todos aspiramos, mas que tarda a acontecer. Isto não competirá nunca com ideologias políticas de qualquer quadrante.