Haia decreta "confinamento parcial" já a partir de hoje
"Vamos entrar num confinamento parcial. Vai doer, mas é a única solução. Precisamos ser mais rígidos", declarou Mark Rutte, primeiro-ministro holandês
Os Países Baixos vão entrar, a partir de hoje à noite, em "confinamento parcial", que inclui o encerramento de bares e restaurantes, para tentar travar a propagação da pandemia de covid-19 no país, anunciou hoje o primeiro-ministro holandês.
"Vamos entrar num confinamento parcial. Vai doer, mas é a única solução. Precisamos ser mais rígidos", declarou Mark Rutte numa conferência de imprensa.
Rutte alegou que os Países Baixos precisaram de dar mais um passo em direção a um confinamento porque poucos outros países na Europa viram um aumento de novos casos de covid-19 como no território holandês.
Nos últimos sete dias, os Países Baixos, com cerca de 17,3 milhões de habitantes, contabilizaram 43.903 novos casos, um aumento de cerca de 60% em relação à semana precedente.
No mesmo período, os internamentos em unidades de cuidados intensivos subiram de 121 para 192 e o número de mortes de 89 para 150.
As regiões de Amesterdão e de Roterdão são as que contabilizam maior número de novos casos do coronavírus no país.
Para garantir que as pessoas não se desloquem aos bares, o Governo holandês também proibiu a venda de bebidas alcoólicas a partir das 20:00.
Como medidas adicionais, o Governo sublinhou que qualquer família poderá receber no máximo três hóspedes por dia.
Rutte sublinhou ainda que as viagens em transportes públicos devem ser limitadas "tanto quanto possível".
Segundo os dados oficiais mais recentes, os Países Baixos contabilizaram até ontem mais de 6.600 mortes entre as quase 190.000 infeções.
A decisão de Haia surgiu o mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que, nos últimos sete dias, a Europa registou mais de 700.000 novas infeções pelo novo coronavírus o número mais alto desde o início da atual crise pandémica.
Nos dados semanais ontem divulgados, a OMS destacou que o número de casos da doença covid-19 e de mortes no continente europeu aumentou 34% e 16%, respectivamente.
Reino Unido, França, Rússia e Espanha foram responsáveis por mais de metade dos novos casos observados na região, segundo os indicadores da OMS.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse esta semana que a agência da ONU entende a frustração das pessoas à medida que a pandemia se prolonga, mas advertiu que "não há atalhos, nem balas de prata".
Na segunda-feira, o responsável da OMS para a covid-19 na Europa, David Nabarro, pediu aos Governos para que não utilizem o confinamento como principal método para controlar a disseminação do novo coronavírus, instando as autoridades a utilizarem métodos mais direcionados para deter o vírus.
"Os confinamentos têm apenas uma consequência que nunca deve ser subestimada: tornar os pobres muito mais pobres", afirmou o médico, numa entrevista ao jornal The Spectator.