Paris vê hipótese de 'não acordo' do Brexit como muito credível
"Tal como está agora, a possibilidade de um 'não acordo é uma hipótese muito credível, infelizmente muito provável hoje em dia", entre a União Europeia e o Reino Unido
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês disse hoje que um 'não acordo' entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido sobre as relações futuras entre ambos no pós-'Brexit' é uma perspetiva "muito credível" e "verdadeira hoje em dia".
"Tal como está agora, a possibilidade de um 'no deal' [não acordo, em português] é uma hipótese muito credível, infelizmente muito provável hoje em dia", destacou Jean-Yves Le Drian perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional.
"Mas sabemos a capacidade britânica para criar táticas", acrescentou o ministro, citado pela agência AFP.
Jean-Yves Le Drian destacou ainda que "mesmo que os britânicos sejam táticos formidáveis, hoje não é altura para táticas".
"Isso significa que entre 15 de outubro e meados de novembro tudo deve ficar decidido", realçou, referindo-se pela primeira vez ao prazo de 15 de novembro.
"Estamos preparados para todas as eventualidades", disse ainda.
O ministro francês refutou a ideia de que o próximo Conselho Europeu, na quinta e sexta-feira, seja o prazo para que se chegue a um acordo, tal como foi sugerido pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
"A data de 15 de outubro é o primeiro-ministro Boris Johnson que a anuncia, não é a posição do Conselho Europeu que se reúne quinta e sexta-feira. Não é necessariamente aí que está o prazo", afirmou Jean-Yves Le Drian.
O negociador europeu do 'Brexit', Michel Barnier, sugeriu hoje que a conclusão de um acordo comercial com o Reino Unido ainda pode durar "semanas".
Até hoje, os europeus tinham sempre definido o final de outubro como a data limite para se chegar a um acordo.
"A pesca não deve ser a variável de ajuste do acordo. O acesso privilegiado ao mercado único que o Reino Unido deseja é indissociável das garantias para os nossos pescadores", sublinhou.
Este tema é particularmente sensível para vários membros da UE, como França, Holanda, Bélgica, Irlanda e Dinamarca.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reunir-se-á por videoconferência com Boris Johnson na quarta-feira, numa altura em que os dois lados trocam acusações mútuas de bloquearem as negociações comerciais pós-'Brexit'.