Mundo

Justiça brasileira dá 15 dias para ideólogo de Bolsonaro pagar 44 mil euros a Caetano Velo

None
Foto: Facebook Caetano Veloso

A justiça brasileira deu 15 dias a Olavo de Carvalho, um autoproclamado filósofo e ideólogo da família do Presidente Jair Bolsonaro, para pagar uma multa de 2,9 milhões de reais (44 mil euros) ao cantor Caetano Veloso.

A decisão, divulgada no fim de semana, foi tomada pela juíza Renata Castro, da 50.ª Vara Cível do Rio de Janeiro, e diz respeito a acusações de pedofilia feitas por Olavo de Carvalho contra Caetano Veloso nas redes sociais, em 2017.

A multa, que deverá ser paga no prazo de 15 dias, deve-se ao incumprimento de uma medida provisória que determinou que autoproclamado filósofo removesse das redes sociais as acusações.

A magistrada determinou ainda acréscimo de 10% na multa caso não haja pagamento voluntário, segundo a imprensa local.

A medida provisória para a remoção das acusações de pedofilia foi deferida em novembro de 2017. A ordem deveria ser cumprida em 48 horas, sob pena de multa diária de 10 mil reais (1.500 euros).

Contudo, apesar de ter sido intimado na sua residência, nos Estados Unidos da América, Olavo de Carvalho não apagou as publicações.

Em setembro do ano passado, no mesmo processo, a Justiça já tinha condenado o ideólogo da família Bolsonaro a pagar uma indemnização de 40 mil reais (6.100 euros) ao músico, por danos morais.

O processo foi aberto em 2017, pelo próprio cantor brasileiro, após Olavo de Carvalho ter acusado Caetano Veloso de pedofilia por se ter envolvido com a produtora Paula Lavigne quando ela tinha 13 anos, sendo que na época o cantor tinha 40 anos.

Caetano Veloso e Paula Lavigne conheceram-se em 1982, quando ela tinha 13 anos. Eles estiveram casados de 1986 a 2005 e reataram a relação em 2016.

O músico e o autoproclamado filósofo já se enfrentaram na justiça em outra ocasião, quando Olavo de Carvalho apresentou, em fevereiro de 2019, uma queixa-crime contra Caetano Veloso por "calúnia, injúria e difamação".

Caetano descreveu Olavo de Carvalho como "sub-Heidegger [Martin Heidegger, filósofo e escritor alemão] do nosso sub-Hitler", num artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo.

"Caetano acusa por linhas transversas Olavo e Bolsonaro de serem nazistas, pois os compara com Hitler e seus comparsas. Caetano é um delinquente e terá de provar as suas acusações, ou o zeloso poder judiciário estará sendo raso com quem lhe ataca", defendeu o advogado de Olavo na ação.

Contudo, Caetano Veloso, um forte crítico do atual Governo brasileiro, foi absolvido.

Olavo de Carvalho é uma das principais figuras da extrema-direita brasileira, com milhares de seguidores nas redes sociais, apresenta-se como filósofo e cientista político, e cuja obra foi abundantemente citada por Bolsonaro na campanha eleitoral.

O autodenominado filósofo vive nos Estados Unidos e é considerado o 'guru' da família presidencial, tendo, principalmente, muita influência sobre Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do chefe de Estado brasileiro.

Também foi responsável pela indicação do ministro Ernesto Araújo, que ocupa a pasta das Relações Exteriores, e Ricardo Vélez Rodríguez, demitido do Ministério da Educação em abril de 2019.

Contudo, nos últimos meses, Olavo de Carvalho surpreendeu ao revoltar-se contra Bolsonaro, tendo chamado o Presidente de "inativo" e "covarde", e acusando o Presidente de não o defender.

"Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo. Quantos crimes contra o Olavo você investigou, Bolsonaro? Nenhum. Você nem se interessou", disse o escritor brasileiro, num vídeo publicado nas suas redes sociais em junho.

"Vê bandidos cometendo crimes em flagrante, mas não faz nada contra. Esse pessoal não consegue derrubar o seu Governo? Continue inativo, continue covarde e eu derrubo esse seu Governo, Governo aconselhado por generais covardes ou vendidos", acrescentou.

Fechar Menu