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Afinal há água, projetos, dinheiro e manhozice…

Depois de tanta desculpa com as alterações climatéricas e consequente diminuição da pluviosidade para a escassez de água de rega no eixo Ribeira Brava/ Machico…..depois de tanta desculpa com as tubagens avariadas na distribuição de água potável nos Municípios não aderentes à ARM, esquecendo-se dos restantes Municípios, eis que descobrem a água que corre para o mar com um caudal de cerca de 250 litros por segundo à vista de toda a gente!!!! Interessante seria, por exemplo saber quantos km de tubagem foi substituída no tempo de Miguel Albuquerque/ Virgílio Pereira e Paulo Cafofo/ Miguel da Silva Gouveia, e outros anteriores Presidentes da Camara do Funchal, por ano de mandato, para podermos avaliar o trabalho de cada um neste aspeto de poupança de água….Já no ano setenta do século passado o Engº Leandro Câmara, responsável pelas águas na então Junta Geral do Distrito “Autónomo” do Funchal, reclamava que no Município do funchal as perdas de água eram superiores a cinquenta e cinco por cento e a maior parte dos Presidentes de Câmara do Funchal, pouco ou nada fizeram com exceção dos últimos dois…

Descobriram que no Seixal correm para o mar, de forma canalizada cerca de 250 litros por segundo, mas esquecem-se que aquela água tem dono: A população da freguesia do Seixal. As serras desta freguesia pertencem ao povo e em 1956, se não nos falha a memória, foi assinado um acordo entre três pessoas que representaram(?) a freguesia, pois não havia Juntas de Freguesia nas atuais Regiões Autónomas por “não haver pessoas idóneas para ocuparem esses lugares”, de acordo com Marcelo Caetano que fez o Código Administrativo de então, a ceder a ADMINISTRAÇÃO das serras aos recém criados Serviços Florestais na Madeira, perante uma série de regalias para o povo do Seixal em que algumas foram cumpridas e outras não. ADMINISTRAR, significa isso mesmo e não POSSE, logo a propriedade continua a ser do POVO da freguesia do Seixal, que devido ao 25 de Abril, já tem uma Junta de Freguesia eleita pelo seu povo. Assim sendo logo as águas que nascem nas nossas serras pertencem aos seus legítimos proprietários.

Não é chegar aqui, pegar a água e levar. Já quando foram construídas as duas levadas com origem nesta freguesia, A Levada do Norte e a da Calheta pela Comissão Administrativa do Aproveitamentos Hidroelétricos da Madeira, antecessora da atual Empresa de Eletricidade da Madeira, houve algumas regalias para o povo da freguesia. Certamente que competirá à Junta e Assembleia de Freguesia do Seixal definir o caderno de contrapartidas para a População do Seixal, assim como a sua negociação com as entidades competentes.

De repente aparece uma solução o que significa que já estavam a estudar a transferência da água nas costas do Povo e também aparece a respetiva verba para esta obra, que na minha opinião está mal estudada. Juntamente com a construção da Levada, ou tubagem que levará a água, devem ser construídas algumas lagoas em altitude de modo a armazenar água do Inverno para o Verão, a exemplo do que fez a EEM no Paúl, já que haverá um aumento do consumo, tanto na rega, como no consumo público. Quanto maior for o armazenamento, maior será a segurança da existências de água para o futuro. Essa água que a comunicação social se referiu, não tem oscilações de caudal do Inverno para o Verão, porque mantem-se constante ao longo do ano devido ao facto de ter origem na nossa Laurisilva, a maior mancha do mundo, a mais bonita e a melhor conservada. Quando digo nossa, refiro-me à Laurisilva da freguesia do Seixal – Concelho do Porto Moniz.

Na minha opinião os órgãos eleitos da freguesia deverão exigir um desconto substancial na conta da energia elétrica para os residentes no Seixal, o arranjo de todas as levadas e sua manutenção que servem a freguesia, construção de um parque de merendas no Chão da Ribeira, manutenção das veredas e caminhos, para além das regalias anteriores, como poder usufruir de lenhas e madeiras, livre circulação de todos os seixaleiros ou residentes, etc…que podem ser administradas pelos órgãos de poder local perante a transferência das respetivas verbas.

Que fique bem claro: eu não sou contra a transferência da água para onde ela faz mais falta, mas entendo que o povo do Seixal tem direito a contrapartidas.

Tenho a certeza que o povo do Seixal se vai manter firme nas suas pretensões e aconteça o que acontecer não deixará a água sair da sua freguesia sem a sua concordância. Eu sou seixaleiro de nascimento, tenho residência oficial no Seixal, assim como a minha empresa de vinhos que nasceu no Seixal e onde continua com a sua sede…

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