Luís Freire, 34 anos, é o treinador mais jovem da I Liga.
Desporto

“Seria triste tirar o Nível III no estrangeiro”

Luís Freire falou, em exclusivo, ao DIÁRIO. Parte da entrevista está disponível na nossa plataforma digital. Outros pontos da conversa são desenvolvidos na edição impressa desta terça-feira.

Luís Freire, o treinador mais jovem da I Liga, ainda não tem o curso Nível III. O treinador do Nacional, de 34 anos, conversou com o DIÁRIO sobre esse e outros assuntos. Parte da entrevista está disponível aqui, na nossa plataforma digital. Outra parte é desenvolvida na edição impressa desta terça-feira, com o treinador alvinegro a dar conta dos objectivos para esta época, lembrando, também, o percurso até chegar à I Liga. E também não esquece os adeptos…

Ainda não tem o curso de treinador Nível III e muito já se falou sobre isso. Há falta de vontade para mudar as regras? Já não sei o que dizer sobre isso. Já falei várias vezes sobre isso, também não quero estar sempre a falar do mesmo. Os cursos têm de abrir. É importante para todos aqueles treinadores, que chegam das divisões inferiores e precisam de tirar os cursos. Sujeitam-se a subir de divisão e não poder concorrer aos cursos. Eu subi e agora não posso ir, porque não há curso. As pessoas têm direito à sua formação. Eu estou há 11 anos à espera de conseguir entrar num curso da Federação. O que eu peço é que abram os cursos e permitam, não só a mim, mas a todos aqueles que estão à espera, ter a formação em Portugal. Caso contrário vamos ter de ir para o estrangeiro e acho que isso seria triste. É triste não ter a capacidade de oferecer os cursos suficientes para os treinadores evoluírem na sua carreira naturalmente.

Há um sentimento de injustiça? Neste momento o que quero é ganhar ao domingo e dar alegrias à minha equipa e aos adeptos para conseguir atingir os objectivos. Não é pelo curso de treinador que perdemos ou ganhamos os jogos. Acho que é bonito ter treinadores habilitados, mas para isso é preciso que as pessoas se preocupem em dar essas hipóteses.

Considera que o seu alerta pode servir para mudar alguma coisa a este nível? Acho que prova que a culpa não é só dos treinadores que não querem tirar os cursos. Os cursos têm de abrir a uma velocidade que permita às pessoas, que são treinadores e que dentro do campo estão habilitadas para treinar e conseguem objectivos superior, continuem a desenvolver a sua carreira naturalmente.

O mérito desportivo não deveria ser suficiente para isso? O mérito é sempre suficiente para tudo. Normalmente é. Podemos ter treinadores este ano campeões, não sabemos, com o Nível II.

Conversa muito sobre isso com os seus colegas? Por vezes falamos. Entrei neste circuito profissional há três anos e cada vez conheço mais treinadores e falamos mais. Todos concordam que esta situação tem de ser alterada e melhorada para todos.

Algum, em particular, deixou alguma palavra especial, de incentivo? Já houve, mas não vale a pena estarmos a falar de nomes. As coisas têm de avançar, não só por mim, mas por toda a classe de treinadores.

“O futebol é feito para as pessoas”

Considera que já deveríamos ter adeptos nos estádios? É importante para todas as equipas sentirem o apoio dos adeptos. Nós também sentimos isso. No ano passado não perdemos em casa. Este ano também ainda não. O futebol é feito para as pessoas. Sei que agora estamos a atravessar uma situação grave em termos de saúde pública, mas dentro daquilo que são as regras, espero que nos próximos jogos já tenha adeptos a ver o nosso jogo.

O Nacional empatou os dois jogos em casa. Com adeptos poderia ter sido diferente o desfecho? Se calhar em Faro com público teria sido mais difícil para nós [vitória por 1-0]. Temos de pensar assim. Não podemos ver só o nosso lado. Salvo erro, a percentagem de vitórias em casa está inferior à percentagem de vitórias fora. Ou está muitíssimo equilibrado, o que é normal. As equipas em casa sentem que o público ajuda. Caso contrário não se falava no apoio do público. Claro que é importante. Para galvanizar a equipa em vários momentos, para desestabilizar a equipa adversária.

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