Milhares de ciclistas manifestam-se a favor da revisão constitucional no Chile
Milhares de ciclistas estiveram hoje na Plaza Itália, no centro de Santiago, no Chile, numa manifestação a favor da revisão constitucional que será decidida no referendo marcado para dia 25.
Depois do meio-dia, a caravana ocupou toda a rotunda, rebatizada de "Plaza de la Dignidad" (Praça da Dignidade), nos protestos que começaram em outubro do ano passado.
Com bandeiras com a inscrição "Eu aprovo" e um caixão a simbolizar a morte da Constituição do ditador Augusto Pinochet, os ciclistas cantaram canções de protesto contra o Governo enquanto circulavam pela praça.
Os participantes na manifestação chegaram de vários pontos da cidade, nomeadamente dos municípios de Ñuñoa, San Miguel e Santiago.
A manifestação decorreu de forma pacífica, com jovens, crianças e idosos entre os participantes.
A polícia, que tinha no local carros e agentes a pé, acabou por se afastar.
Desde o ano passado, os ciclistas têm promovido a chamada "Revolução ciclista", denunciando a repressão e exigindo novos direitos na via pública para evitar acidentes.
O referendo sobre a revisão constitucional estava inicialmente marcado para 26 de abril, mas foi adiado para 25 de outubro devido à pandemia de covid-19.
Quando se deslocarem às urnas, os chilenos terão a opção de escolher uma nova Constituição ou reformar a existente, criada em 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e alvo dos protestos que há mais de dois meses decorrem no país.
A redação de uma nova Constituição é uma das principais reivindicações da contestação social, por se considerar que a lei fundamental é geradora de desigualdades no país.
No caso de escolherem uma nova Constituição, os chilenos terão ainda de votar sobre o método como será escrita: por uma convenção mista de deputados e cidadãos ou uma assembleia de pessoas escolhidas unicamente para esse fim.
A nova lei fundamental, que deve redigir-se no prazo máximo de um ano, terá de ser ratificada noutro referendo, este de votação obrigatória.
Este processo constitucional foi acordado em novembro entre quase todas as forças políticas do parlamento do Chile, a exceção foi o Partido Comunista.