Presidente da Altice diz que vai avaliar concurso para instalação de cabos submarinos
Cabos podem ser instalados entre o continente, Açores e Madeira
O presidente da Altice disse hoje que a empresa vai avaliar as condições do concurso público para instalação dos novos cabos submarinos entre continente, Açores e Madeira, mas alegou que existe um ambiente regulatório hostil ao investimento em Portugal.
"Não fomos convidados. Aparentemente, tanto quanto li ontem [quarta-feira] na comunicação social, haverá um concurso público internacional para a implementação. Veremos as condições desse concurso público e se participaremos ou não", adiantou Alexandre Fonseca, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo.
O presidente da Altice falava à margem da assinatura de um protocolo de expansão de fibra ótica e modernização da rede móvel, com os municípios de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores.
Segundo um despacho publicado em Diário da República, a substituição dos cabos submarinos de comunicação eletrónica entre o continente, os Açores e Madeira, que terá um custo de 118,9 milhões de euros, deverá estar concluída em 2024 e 2025, respetivamente.
A empresa IP Telecom, responsável pelo investimento, tem de "lançar o concurso público internacional até ao final do ano de 2020 e adjudicar a construção e instalação até ao final de 2021, sendo expectável um prazo de dois anos para a instalação física", lê-se também no diploma.
Alexandre Fonseca disse que soube apenas pela comunicação social da intenção do executivo de avançar com o plano já comunicado há algum tempo de atribuir à IP Telecom a gestão do processo para a nova geração de cabos submarinos, mas manifestou a disponibilidade de a Altice para colaborar.
"É um investimento avultado, para o qual a Altice Portugal sempre se manifestou disponível para ajudar, para colaborar. Aliás, os únicos recursos humanos que existem em Portugal capacitados em cabos submarinos, as únicas amarrações de cabos que existem em Portugal continental ou nas regiões autónomas pertencem à Altice Portugal e, portanto, nós somos sempre uma parte da solução e queremos ajudar", frisou.
No entanto, ressalvou que "o ambiente regulatório em Portugal é hostil ao investimento", sublinhando que a Altice "investiu 500 milhões de euros por ano, nos últimos quatro anos, com capitais próprios, sem qualquer financiamento ou subsídio do ponto de vista público" e que não poderá continuar "a fazer investimentos desta dimensão no país".
"A Altice Portugal não estará provavelmente envolvida de forma ativa na construção das novas soluções de cabos, mas estará disponível para colaborar com os consórcios, com as entidades, com os modelos que forem definidos, porque temos a perfeita noção de que somos a única entidade qualificada em Portugal para poder dar algum apoio na execução desse ambicioso projeto de uma nova geração de cabos", apontou.
Alexandre Fonseca deixou, ainda assim, uma "palavra de tranquilidade" aos açorianos, garantindo que os cabos submarinos que estão atualmente em vigor "têm uma vida útil, no mínimo, até 2024-2025" e que "há uma redundância adicional" via satélite.
"A Altice Portugal opôs-se ao desligamento desses cabos nesses consórcios e assumiu para si todos os custos de manutenção desses cabos, que, temos plena convicção, vão estar em perfeito funcionamento até pelo menos 2024/2025/2026, garantindo a conectividade entre Portugal continental, a Madeira, os Açores e o mundo", sublinhou.
Segundo o presidente da Altice, mais de 95% da população dos Açores tem infraestruturas de fibra ótica de rede 4G, mas em 2021 a empresa vai investir 8 milhões de euros nessa área, alargando a cobertura na região para "níveis acima da média nacional".